Além da elevada prevalência de doenças cardiovasculares (DCV), iniquidades regionais no acesso aos serviços de saúde e subutilização de programas de reabilitação cardíaca (PRC) ainda são marcantes no cenário brasileiro. Objetivo: Esse estudo visou descrever e comparar barreiras para uso de PRC em usuários de diferentes sistemas de saúde e níveis de atendimento em um estado brasileiro. Métodos: Participantes de PRC e pacientes elegíveis de enfermarias e ambulatórios foram pareados pelos sistemas de saúde que utilizavam e responderam a Escala de Barreiras para Reabilitação Cardíaca (EBRC). Os testes U de Mann-Withney e Kruskal Wallis foram usados para comparar barreiras entre os sistemas de saúde e entre níveis de atendimento, respectivamente. Resultados: Cento e quarenta (87%) pacientes participaram do estudo. A média total dos itens da escala foi 1,98±0,48 e diferiu apenas entre participantes de PRC e pacientes internados (p<0,05). Algumas barreiras de acesso, necessidades percebidas e comorbidades/estado funcional foram maiores no sistema público do que no privado (p<0,05). A falta de conhecimento sobre PRC (3.75±1.66) e a falta de referência médica (2.32±1.53) destacaram-se no domínio necessidades percebidas, que teve o maior escore médio da amostra (2.31±0.71). Conclusões: Barreiras de acesso e necessidades percebidas foram maiores para usuários de serviços públicos. Viagens e trabalho foram barreiras maiores para participantes de PRC, enquanto para pacientes internados e ambulatoriais as maiores barreiras foram necessidades percebidas. Logo, a disseminação de PRC e estratégias para referência de elegíveis devem ser estimuladas em ambos os sistemas de saúde e níveis de atendimento.In addition to the high prevalence of cardiovascular disease (CVD), regional iniquities in access to health services and underutilization of cardiac rehabilitation programs (CRP) are still significant in the Brazilian scenario. Objective:This study aimed to describe and compare barriers to the use of CRP in users of different health systems and levels of care in a Brazilian state. Methods: CRP participants and eligible inpatients and outpatients were matched by the health systems they used and responded to the Cardiac Rehabilitation Barriers Scale (CRBS). Mann-Whitney U and Kruskal Wallis tests were used to compare barriers in health systems and levels of care, respectively. Results: One hundred and forty (87%) adults with heart disease participated in the study. The total mean score of barriers on the scale was 1.98 ± 0.48 and only differed between CRP participants and inpatients (p<0.05). Some access barriers, perceived needs and comorbidities/functional status were higher in the public services than in the private services (p <0.05). Lack of knowledge about CRP (3.75 ± 1.66) and lack of medical referral (2.32 ± 1.53) were the major barriers in the perceived needs domain, which had the highest average score in the sample (2.31 ± 0.71). Conclusions: Access barriers and perceived needs were greater among users of public services. Travel and work were greater barriers for CRP participants, while for inpatients and outpatients the largest were perceived needs. Therefore, the dissemination of CRP and implementation of strategies for eligible referral should be encouraged in both health systems and levels of care