DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E ÉTHOS DISCURSIVO: A CRIAÇÃO DO “PLANETA AZUL”

Abstract

Considering the large volume of work that focuses on science communication today, this paper presents a case study taking a discursive perspective: it aims to understand how scientific images are constructed or, in other words, how the ways of seeing science objects are established. During our analysis, it is taken into account that advances in space exploration and in astronomy instrumentation have enabled the emergence of images of celestial objects with a level of unprecedented detail and also permitted, among other things, to photograph the Earth from an external and global perspective – at this point, a paradigm can be defined. This paradigm is focused as our main object in this paper. Moreover, through a historical and sociological perspective, it is considered that these developments coincide with the development of communication devices for widespread access, which released these images said to be scientific. Thus, mobilizing a theoretical model to approach imaginary positions, based on French discourse analyses, it is thought about how one of the most sacramental images in this collection was constructed: the Earth seen from space. The "Blue Marble" provides us a look at ourselves from a cosmic perspective, being thus invested with an ethical dimension, in addition to its technical, artistic or scientific dimensions.Considerando o expressivo volume de trabalhos que focalizam a divulgação científica hoje, apresentamos, neste artigo, um estudo de caso feito de uma perspectiva discursiva: interessa compreender como se constroem imagens científicas ou, noutros termos, como se consagram formas de ver objetos da ciência. Para tanto, levamos em conta, em termos de condições de produção, que os avanços na exploração espacial e na instrumentação em Astronomia possibilitaram o surgimento de imagens de objetos celestes com um nível de detalhe sem precedentes e permitiram, entre outras coisas, fotografar a Terra de uma perspectiva externa e global – e se erigiu aí um paradigma que é nosso objeto fundamental. Importa, também, da perspectiva histórica e sociológica assumida, que esses avanços coincidem com o desenvolvimento de dispositivos de difusão comunicacional em larga escala, que divulgaram essas imagens ditas científicas. Interessa-nos pensar, assim, no quadro da análise do discurso de tradição francesa, mobilizando um modelo teórico proposto para o estudo das formações imaginárias, no modo como se construiu, com isso, uma das mais sacramentadas imagens dessa coleção: a Terra vista do espaço. O “Planeta Azul” é consagrado como um olhar para nós mesmos de uma perspectiva cósmica, sendo, assim, investido de uma dimensão ética, para além da sua dimensão técnica, artística ou científica

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