Brandelli, Clara Lia Costa

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE INFECÇÕES CONJUNTIVAIS BACTERIANAS: TRATAMENTO EMPÍRICO OU NÃO?

Lume 5.8

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE INFECÇÕES CONJUNTIVAISBACTERIANAS: TRATAMENTO EMPÍRICO OU NÃO?Coordenador: ANA LUCIA SOUZA ANTUNESAutor: Clara Lia Costa BrandelliAs afecções inf lamatór ias e infecciosas, dentre as patologiasoftalmológicas importantes, são as mais freqüentes. As conjuntivitespodem apresentar resultados importantes, uma vez que a absorção demedicamentos neste sítio é muito pobre e que as drogas existentes nãotêm uma biodisponibilidade efetiva. A avaliação criteriosa do perfil desuscetibilidade aos antimicrobianos se faz necessária para orientar ot ra tamen to  des tes  p rocessos ,  bem como um levan tamen toepidemiológico dos microrganismos mais freqüentes neste sítio. Estudostêm demonstrado que o freqüente e indiscriminado uso de antimicrobianotem induzido ao aumento de microrganismos resistentes a estas drogas.As conjuntivites e ulcerações da córnea podem ser bem avaliadas em umlaboratório através de exame cultural e citológico. No momento da coletaé realizada uma entrevista visando traçar um perfil do paciente quanto ahábitos de higiene, fatores ambientais e ocupacionais, e uso anterior demedicação antimicrobiana tópica. Após este pequeno questionário,mostramos ao paciente como proceder a uma higiene adequada echamamos atenção para a necessidade de modificar o hábito de coçar osolhos. Também orientamos de maneira enfática a importância do usocorreto do antimicrobiano, respeitando dosagem, freqüência dasaplicações e período de uso deste fármaco prescrito pelo médicooftalmologista. A citologia da conjuntiva humana, ainda que hajacontrovérsia sobre o que deve ser valorizado, apresenta característicasque auxiliam no diagnóstico médico.  Nos diversos tipos de afecçõesexternas do globo ocular, e em particular nas conjuntivites, podemosencontrar resultados que são de grande auxílio no tratamento, pelasrespostas imediatas que geram, esclarecendo dúvidas suscitadas peloexame clínico. Este estudo destina-se a desenvolver um trabalhocomunitário, envolvendo paciente e aluno, visando à identificação depatógenos em secreção conjuntival e observação do seu perfil desuscetibilidade aos antimicrobianos. Materiais e métodos: As amostras deambos os olhos são coletadas com o uso de swabs especiais e alçasdescartáveis, este procedimento ocorre na pálpebra inferior e sacoconjuntival. Para o estudo citológico, é realizada uma lâmina corada pelométodo de Leishmann, onde as células epiteliais são classificadas emnormais e queratinizadas, na tentativa de representar a magnitude doprocesso patológico. A microscopia é qualitativa, considerando presençaou ausência das alterações celulares em cada lâmina. Durante oprocesso inflamatório, as células da conjuntiva se tornam hipertrofiadas efacilmente desprendem-se, sem apresentar alterações marcantes. Osneutrófilos são células efetoras de respostas inflamatórias, principalmentenas causadas por bactérias. O eosinófilo é a principal célula dodiagnóstico da alergia ocular, sendo considerada a célula característicada inflamação alérgica. Para o exame bacteriológico, o material obtido ésemeado em placas com meio de cultura específico para identificaçãodos patógenos envolvidos. Também é realizado um exame direto deGram, para análise bacterioscópica.  Resultados: Foram atendidos nolaboratório de Análises Clínicas da Faculdade de Farmácia 126pacientes, no período de julho de 2005 a julho de 2006, nos quais foramisolados 225 microrganismos (saco conjuntival e borda palpebral). Destes225 microrganismos, 129 eram Staphylococcus spp coagulase negativos,67 Staphylococcus aureus, 11 Streptococcus viridans, 5 Corynebacteriumspp, 4 Staphylococcus epidermidis, 3 Citrobacter koseri, 1 Enterobacteraerogenes, 1 Providencia spp, 1 Proteus mirabilis, 1 Pseudomonasputida, 1 Pseudomonas stutzeri. Em apenas um caso não houvecrescimento bacteriano enquanto,  em 30 % (38/126) casos houvecrescimento no saco conjuntival e borda palpebral. Quanto ao perfil desuscetibilidade aos antimicrobianos encontramos 77 amostras ondeocorreu resistência a eritromicina, 27 a tobramicina, 26 a ofloxacina, 21 asulfametoxazol, 17 a amoxacilina, 15 a oxacilina, 13 ao cloranfenicol, 3 aneomicina e 1 a ampicilina. Em muitos pacientes 44,4% (56/126) foiencontrada uma multiresistência. No exame citológico em 22 (17,5%)pacientes foram encontrados eosinófilos o que caracteriza quadro deconjuntivite alérgica, e em 117 (93 %) pacientes foram encontradascélulas queratinizadas, significando regeneração do epitélio conjuntival.Considerações f ina is :  dev ido ao aumento da res is tênc ia aosantimicrobianos percebe-se a importância da realização do examebacteriológico em conjuntivites bacterianas, antes de se iniciar qualquertratamento empírico. Em nosso estudo foi observada uma granderesistência a eritromicina, tobramicina e ofloxacina, demonstrando assima importância da avaliação de suscetibilidade aos antimicrobianos e autilização da droga mais efetiva neste sítio de infecção.

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