Terme, Carolina Michelon

Lume 5.8

VERSÕES E VISÕES DA MATA ATLÂNTICA :  MESCLANDOSABERES EM TORNO DA SAMAMBAIA PRETACoordenador: LOVOIS DE ANDRADE MIGUELAutor: CAROLINA MICHELON TERMEA região de Mata Atlântica no Litoral Norte do RS tem sido submetida aum intenso processo de coleta da samambaia preta (Rumohraadiantiformis), extrativismo este, oriundo em resposta ao contexto deimposições e mudanças que insidem sob a agricultura familiar. O manejodeste recurso é efetuado em áreas em estádio iniciais a médios deregeneração, a capoeira, integrante do sistema agrícola tradicional, queprevê a manutenção de áreas em diferentes estádios de uso. Portanto,para se discutir a situação da samambaia e a proposição de manejosadequados é necessário atentar para toda uma problemática mais amplaacerca do manejo de áreas em Mata Atlântica. Neste quadro, o espaçopara interlocução que viabilize a interferência destas populações compropostas e manifestando suas opiniões é praticamente inexistente. Istofaz com que muitos dos encaminhamentos destinados a populaçõestradicionais sejam vistos por estas como não pertinentes. Neste âmbito,buscou-se mediar demandas, inquietações e reivindicações entreagricultores e outras esferas da discussão ambiental. A aproximação docontexto local possibilitou identificar demandas possíveis de serempropostas a pesquisa acadêmica, além de visualizar e estimularalternativas de uso dos recursos naturais que sejam apropriadas sócio eambientalmente. A divulgação destes estudos realizou-se por meio decartilhas e promoveu-se o III Encontro da Samambaia preta, espaço dediscussão sobre o extrativismo da espécie, sendo esta uma das primeirasexperiências de diálogo entre o órgão licenciador (em nível Estadual),ong,  Univers idade e comunidade (agr icu l tores,  ext rat iv is tas,representantes das instituições não-governamentais locais e daadministração municipal, artesãos). Este evento é parte das atividades doprojeto ''Avaliação e promoção de alternativas produtivas sustentáveispara agricultores familiares tradicionais na região da Encosta Atlântica doEstado do RS'', desenvolvido pelo DESMA, e viabilizou  discutir osentraves atuais referentes à legal ização do extrat ivismo de R.adiantiformis, que representa a principal alternativa de renda para duasmil famílias do Litoral Norte. Deste encontro resultou a Carta de Maquiné,uma manifestação pública a favor da regulamentação do extrativismo daSamambaia preta, que contou com 200 assinaturas. Concomitante, foirealizado o I Seminário de Uso Sustentável da Mata Atlântica, destacandoa possibilidade -e dificuldades- do uso da polpa da juçara (Euterpeedulis) e de fibras vegetais nativas na confecção de artesanato. No finaldo dia foram ministradas oficinas sobre manejo, coleta e processamentodos frutos da juçara e sobre técnicas e confecção de artesanato em palhade bananeira, cipós e junco, por artesãs do grupo Samambaia pretaArtesanato. Com a finalidade de divulgar a produção agroecológica local ,bem como de outras iniciativas sustentáveis, realizou-se durante esteencontro a I Feira local de Uso Sustentável da Mata Atlântica, ondeestiveram presentes agricultores locais, os grupos de artesãs, a iniciativade Farmácias Caseiras Comunitárias, os pescadores junqueiros artesãos,entre outros. Em torno disto, aliado aos diversos  trabalhos desenvolvidosdesde 2000 a respeito da situação local e da inserção da atividadeextrativista no cotidiano destes agricultores, permitiu-se um retorno  àcomunidade com o Manual de Licenciamento da Samambaia preta, opr imei ro  produto  f lo res ta l  não madei ráve l  a  te r  sua co le ta  ecomercialização legalizada no Estado.   A partir destas experiências,avalia-se a efetividade deste conjunto de ações em relação a seusobjetivos e ao impacto na população, buscando-se entender os caminhosque levam a uma real  melhoria de vida dos agricultores-samambaierosaliada à preservação ambiental, alcançando de fato o que tantopreconizam as principais diretrizes conservacionistas contemporâneas,ou seja, a conexão entre o local com o global.

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VERSÕES E VISÕES DA MATA ATLÂNTICA : MESCLANDO SABERES EM TORNO DA SAMAMBAIA PRETA

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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