Este artículo analiza cómo se expresa la transmodernidad en el Estado Plurinacional de Bolivia desde 2009, enfocando, de manera particular, las complejidades relacionadas con la refundación del Estado y la construcción de una sociedad intercultural, basada en el reconocimiento constitucional de los valores y prácticas de la plurinacionalidad. Este momento histórico —con la reconstrucción del Estado y la sociedad desde las creencias, tradiciones, epistemologías y ontologías de los pueblos indígenas— simboliza un tiempo social específico, producto de la silenciosa sobrevivencia de culturas precoloniales que se transformaron gradualmente a lo largo de los siglos, y en interacción con la modernidad misma, volviéndose culturas transmodernas. Con la declaración del Estado Plurinacional, asimismo, se ha establecido la conceptualización indígena ético-filosófica del Suma Qamaña-Vivir Bien, sobre las relaciones armoniosas entre seres humanos y naturaleza, como visión socio-político-cultural y una alternativa a las lógicas eurocentristas, antropocéntricas, individualistas y capitalistas. Metodológicamente, el estudio se basa en una lectura crítica de publicaciones anteriores y varios años de trabajo etnográfico en Bolivia.This article analyzes how transmodernity has been expressed in the Plurinational State of Bolivia since 2009. It specifically focuses on the complexities involved in the reconstruction of the State and the road towards an intercultural society based on the constitutional acknowledgment of the values and praxis of plurinationality. This historic moment —with the reconstruction of the State and society based on the beliefs, traditions, epistemologies and ontologies of the indigenous peoples— symbolizes a particular social time and is the result of the silent survival of pre-colonial cultures which, over centuries, gradually transformed themselves alongside and in interaction with modernity, thus evolving into transmodern cultures. The establishment of the Plurinational State has also legitimized the indigenous ethical-philosophical concept of Suma Qamaña-Vivir Bien (“To Live Well”), which refers to a harmonious relationship between humans and Nature and is enshrined as a socio-political-cultural guideline and alternative to the logics of eurocentrism, anthropocentrism, individualism and capitalism. Methodologically, the study is based on years of ethnographic fieldwork in Bolivia and a critical reading of previous studies of such subjects.Este artigo analisa como se expressa a transmodernidade no Estado Plurinacional da Bolívia, desde 2009, focando, de maneira particular, nas complexidades relacionadas com a refundação do Estado e com a construção de uma sociedade intercultural, baseada no reconhecimento constitucional dos valores e práticas da plurinacionalidade. Esse momento histórico —com a reconstrução do Estado e da sociedade a partir de crenças, tradições, epistemologias e ontologias dos povos indígenas— simboliza um tempo social específico, produto da silenciosa sobrevivência de culturas pré-coloniais, que se transformaram gradualmente ao longo dos séculos, e em interação com a modernidade em si, tornando-se culturas transmodernas. Com a declaração do Estado Plurinacional, ainda, tem se estabelecido a conceitualização indígena ético-filosófica do Suma Qamaña-Vivir Bien, sobre as relações harmoniosas entre seres humanos e natureza, como visão sociopolítica e sociocultural, e uma alternativa às lógicas eurocentristas, antropocêntricas, individualistas e capitalistas. Metodologicamente, o estudo baseia-se numa leitura crítica de publicações anteriores e vários anos de trabalho etnográfico na Bolívia