Exclusão digital: como é estar do lado errado da divisão digital

Abstract

O desenvolvimento da sociedade da informação reforçou a existência de obstáculos que dificultam o acesso e o uso apropriado das tecnologias por certos grupos, levando a novas formas de exclusão no mercado de trabalho, nas instituições governamentais, no lazer, e nas atividades educativas. Contudo, reduzir o hiato entre aqueles que estão conectados e aqueles que não estão tendo acesso físico mais barato e mais rápido à internet não resulta automaticamente numa eliminação da distância colocada pelas desigualdades digitais. É um erro assumir um posicionamento tecnologicamente determinista, que vê o acesso à tecnologia como solução para os problemas sociais, incluindo problemas de desigualdade social, democracia, liberdade, interação social e um senso de comunidade. Na verdade, muitas dimensões e padrões existentes podem gerar e reforçar desigualdades, aumentando ainda mais as distâncias entre cidadãos/usuários. O termo “hiato digital”, muitas vezes usado como expressão binária, pode não ser adequado porque sugere um hiato unidimensional, baseado principalmente no fator econômico – possuir tecnologia –, ao passo em que há hiatos em perspectivas múltiplas, que vão além do simples acesso ou da obtenção dos recursos. Essas dimensões criam desigualdades digitais que, se não forem retratadas, produzem e reforçam as desigualdades sociais. Os conceitos de estratificação social e digital estão intimamente interligados.The development of the information society has highlighted the existence of obstacles preventing certain social groups from accessing and properly using technologies, leading to new forms of exclusion from the job market, governmental institutions, leisure and academic activities. However, reducing the gap between those who connect and those do not by offering cheaper and faster physical access does not automatically translate into closing the gap in terms of digital inequalities. The technological determinist position, which sees access to technology as being able to solve social problems, including problems of social inequality, democracy, freedom, social relationships and sense of community, is misleading. In fact, several dimensions and patterns can generate and reinforce inequalities, further increasing the distances between citizens/users. The term “digital divide”, often used in binary term, is confusing, because it suggests a one-dimensional gap, mainly based on the economic factor (possession of technologies), while there are gaps in multiple dimensions that go beyond the simple access to or possession of resources. These dimensions create digital inequalities that, if not mirrored, produce and reinforce social inequalities. The concepts of social and digital stratification are intimately intertwined

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