Uma etnografia do galanteio nos terrenos da ficção: afinidades eletivas entre antropologia e literatura

Abstract

his article’s main objective is to discuss some of the affinities between anthropology and literature. In order to do so, we bring to light the novel A Moreninha (1844), written by Joaquim Manuel de Macedo, aiming to show how certain literary works can be read beyond their fictional aspect as ethnographies of social life. This love story talks not only about the romantic ideals of a young couple. It also offers to its readers a dynamic framework in which it is possible to identify the tensions, disputes and shared values about marriage by a select group of young men and women coming from Imperial-era Brazil’s urban elite. Finally, this article also elucidates the way some anthropologists have borrowed literary narrative to recognize in the fieldwork-based monographs a subjective discourse about reality. Este artigo tem por principal objetivo discutir algumas afinidades entre antropologia e literatura. Para isso, o romance A Moreninha (1844), de Joaquim Manuel de Macedo, é recuperado com o propósito de mostrar como certas obras literárias podem ser lidas, para além de seu carácter ficcional, como etnografias da vida social. Essa história de amor não apenas discorre sobre os ideais românticos de um jovem casal. Ela também oferece aos seus leitores um quadro dinâmico no qual é possível identificar as tensões, disputas e os valores compartilhados em torno do casamento por um grupo seleto de moças e rapazes advindos da elite urbana do Brasil imperial. Por fim, esse artigo elucida, igualmente, a maneira pela qual alguns antropólogos tomaram de empréstimo a narrativa literária para reconhecer na monografia nascida do trabalho de campo um discurso subjetivo sobre realidade.

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