Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Abstract
Marco Aurélio Máximo Prado e Frederico Viana Machado, no livro Preconceito contra homossexualidades: a hierarquia da invisibilidade (2008), dissertam sobre as várias hierarquias sociais criadas ao longo da história humana e como estas são utilizadas para manter certos grupos marginalizados ou, até mesmo, fora da visão do resto da sociedade. De acordo com o texto, essa “invisibilidade” legitima a inferiorização dessas pessoas e permite que o status quo se mantenha. Se o patriarcado, presente na Gastronomia desde sua formalização, é uma dessas hierarquias, preocupadas em manter as mulheres fora do espaço masculino, a heteronormatividade é outra, responsável por manter as pessoas queer à margem da sociedade.
Tomando como base o machismo na indústria gastronômica e os caráteres cultural e de gênero pelos quais a gastronomia é analisada, é que se vê necessidade em abordar esses temas do ponto de vista dos membros do grupo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer e Outrxs (LGBTQ+). A partir da correlação entre esses dois pontos-chaves, a invisibilidade atribuída ao grupo LGBTQ+ e o machismo presente no âmbito da gastronomia, perguntamo-nos como as pessoas LGBTQ+ são vistas nessa indústria, tanto fora quanto dentro da cozinha, e quais seriam as ações adequadas para combater possíveis problemas.
Resultados e discussões: Para a pesquisa, um questionário foi formulado e distribuído entre pessoas atuantes no meio da gastronomia. Para realizar a análise de dados obtidos e facilitar a leitura, xs participantes foram divididxs em dois grupos principais. No primeiro grupo, as pessoas cisgêneras e heterossexuais, totalizando 42 pessoas. No segundo grupo foram colocadas as pessoas que se classificaram como LGBTQ+ da Grande Belo Horizonte, totalizando 16 pessoas.
Entre xs participantes queer, 62,5% (n=10) afirmaram terem sofrido assédio moral devido à sua orientação sexual, sendo que 3 participantes afirmaram serem assediadxs frequentemente. 68,75% (n=11) das pessoas queer conhecem alguém que já sofreu discriminação devido à sua orientação sexual. Esta última pergunta também foi feita às participantes não-queer, e 44,3% (n=27) delas afirmaram conhecer alguém que já sofreu discriminação devido sua orientação sexual.
Considerações finais: Se a invisibilidade pode ser vista como um problema para pessoas queer que trabalham na área da gastronomia, então o que pode ser feito é dar maior visibilidade para essas pessoas. Se discriminação e homofobia se fazem possíveis devido à marginalização desse grupo, então, trazer esse grupo para a consciência pública pode ser uma tática para ajudar no que diz respeito à sua aceitação e inclusão.
Apesar de existirem vários programas sociais focados na profissionalização de pessoas queer, poucas pessoas não-queer estão cientes dessas iniciativas. Uma possível solução para marginalização seria a promoção de programas de conscientização e sensibilidade, direcionados principalmente a pessoas não-queer