A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) baseia-se no modelo biopsicossocial e permite a compreensão dos processos de funcionalidade e incapacidade. O objetivo deste estudo foi analisar as interrelações entre os domínios da CIF, descrevendo o processo de funcionalidade e de incapacidade a partir da percepção do indivíduo. Utilizou-se abordagem qualitativa com realização de entrevistas e de grade de vida, construídas a partir dos domínios da CIF, aplicadas a 11 pacientes, seguida por preenchimento de um diário de atividades semanais. A maioria dos entrevistados fez ou faz uso de produtos e tecnologias como bengalas, prótese ou órteses, e não teve dificuldade na aquisição dos mesmos através do SUS. Os fatores pessoais que se destacaram foram as formas de enfrentamento da nova condição de saúde e a ressignificação de suas vidas. Durante as entrevistas, a importância do suporte social, sobretudo aquele oferecido pelos familiares e amigos, as barreiras encontradas na utilização do transporte público, além do acesso aos serviços de saúde e benefícios da Previdência Social foram ressaltados. A elaboração de estratégias foi um tema que aponta para a reorganização do cotidiano e que os entrevistados desenvolveram para minimizar as dificuldades vivenciadas em seu dia-a-dia. A análise das entrevistas permitiu confirmar a existência de interação entre os componentes da CIF. Este modelo mostrou-se uma ferramenta importante para compreender o processo de funcionalidade e incapacidade humana a partir da subjetividade e individualidade do paciente, bem como para elaborar intervenções e nortear políticas públicas e pesquisas na área de saúdeThe International Classification of Functionality, Disability, and Health (ICF) is based on the bio-psycho-social model and enables understanding of the processes of functionality and disability through the interaction of its components. The aim of this study was to analyze the interrelationships between the domains of the ICF, describing the process of functionality and disability from the perspective of the individual. A qualitative approach was used with interviews and a life grid, built out of ICF domains, applied to 11 patients, and followed by filling in a diary of weekly activities. Most respondents made use of products and technologies such as canes, prostheses, or orthoses, and they had no difficulty in acquiring them through the SUS system. Personal factors that stood out were the ways of coping with new health conditions and new meaning in their lives. During the interviews, the importance of social support, particularly that offered by family and friends, the barriers encountered in the use of public transport, in addition to access of health care and Social Security benefits were prominent. Developing day-to-day strategies was a topic that showed how respondents reorganized their lives to minimize the difficulties they experienced. The data analysis from the interviews confirmed the existence of interaction between the components of ICF. This model was shown to be an important tool for understanding the process of human functionality and disability from the standpoint of the patient’s subjectivity and individuality, as well as for developing interventions and guiding public policy and health research