Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Abstract
This paper analyzes visibility as a political artefact, since it has been used by young people from the slums in their attempts to guarantee their “right to the city”. Almost always invisible, these young people commonly appear in the public sphere as being associated with violence, even when engaged in activities related to leisure, entertainment and the cultural industry. Through the accompaniment of youth groups in the city of Salvador that has been dedicated to graffiti, rap, among other marginal artistic practices, we argue that there is a process of building visibility of the demands of these segments, during and after the so-called “June 2013 days”, as long as they began to articulate with the more traditional social movements (those centered on racial and social flags). With these articulations, these young people from the slums have created an alternative to “perverse visibility”, which is the projection given to them by the media and police authorities, when they frame them in the terms of disorder and social anomie. Finally, we consider that the politicization of these artistic movements has made it possible for these young people to create another type of youth from the periphery, not linked to drug trafficking, nor to governmental initiatives (young people from social projects).O presente trabalho analisa a visibilidade como artefato político, na medida em que ela tem sido utilizada por jovens da periferia urbana em suas tentativas de garantir o seu “direito à cidade”. Quase sempre invisíveis, comumente, esses jovens aparecem na esfera pública como associados à violência, mesmo quando se dedicam às atividades vinculadas ao lazer, ao entretenimento e à indústria cultural. Por intermédio do acompanhamento de coletivos de jovens da cidade de Salvador que têm se dedicado à pixação, ao grafite, ao rap, dentre outras práticas artísticas marginais, argumentamos que há um processo de construção de visibilidade das demandas desses segmentos, uma vez que, antes, durante e após as chamadas “jornadas de junho de 2013”, eles passaram a se articular com os movimentos sociais mais tradicionais (aqueles centrados em bandeiras de cunho racial e social). Com essas articulações, esses jovens da periferia têm criado uma alternativa à “visibilidade perversa”, que é a projeção a eles conferida pela mídia e pelas autoridades policiais, sobretudo quando os enquadram nos termos da desordem e da anomia social. Por fim, consideramos que a politização desses movimentos artísticos tem possibilitado aos jovens a emergência de um outro tipo de juventude da periferia, nem vinculada ao tráfico de drogas, tampouco às iniciativas governamentais (isto é, os jovens de projetos sociais)