O Sonho e a Literatura

Abstract

A proposta é abordar não só o significado de que se revestem as produ­ ções oníricas no mundo grego, mas a congenialidade entre sonho e Literatura. Com efeito, tanto no sonho como na poesia, domínios do Mythos e não do Logos, colocam-se em ação energias cognitivas do inconsciente. Na Grécia, onde, como todos sabemos, o sonho tem valor oracular, as funções de adivinho e de poeta se sobrepõem, na capacidade de enxergar para além das aparências sensíveis, de ver o que Walter Benjamín chama de “semelhanças invisíveis. ” Há questões que, de Homero e Esquilo a Artemidoro de Daldis, passando por Aristóteles, perpassam o pensamento (e a vivência) dos gregos, e que nos acostumamos creditar à Psicanálise: a relação da fantasia com o desejo, a sensorialidade da imaginação, o privilégio do significante, a eficácia da palavra (à qual é atribuído um explícito valor terapêutico), a importância fulcral da analogia (tanto na produção como na interpretação de sonhos e poesia), etc, etc. Finalmente, um último item dirá respeito à historicidade do símbolo e à existência de “arquétipos culturais"The idea is to discuss not only the meaning presented in dream productions in the Greek world, but also the congeniality between dream and literature. In fact, both in dream as well as in poetry, domain of Myths and not of Logos, unconscious energies act. In Greece, where dream has a well known oracular value, the magician’s and poet’s functions overlap, in relation to the capacity of seeing far beyond the sensitive appearances, of seeing what Walter Benjamin called “visible similarities.” There are questions that, from Homero and Aeschylus to Artemidor from Daldis to Aristotle cross the Greek way of thinking and living, that we are used to credit to Psychoanalysis: the relation between fantasy and dream, the sensitivity of imagination, the privilege of the significant, the effectiveness of the word (to which is attributed a therapeutic value), the importance of analogy (in dream's and poetry’s production and interpretation). Finally, something concerning the historicity of the symbol and the existence of “cultural archetypes.

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