Confiabilidade da declaração de causa básica de mortes infantis em região metropolitana do sudeste do Brasil

Abstract

The quality of official information on underlying causes of infant deaths was studied on the basis of data collected for a popullation-based study of the surveillance of infant mortality in the metropolitan region of Belo Horizonte, Brazil in 1989. The survey included the analysis of a sample of infant deaths carried out by comparing the underlying causes of death as coded on death certificates to those recorded by a group of doctors who abstracted information from hospital records. We verified that 11.7% of neonatal deaths did not have the underlying cause of death confirmed by the investigation (kappa=0.61), and neither did 44.0% of post-neonatal deaths (kappa=0.47). It is believed that this major disagreement among post-neonatal deaths is due to the close correlation observed among the major causes of death within this group (pneumonia, diarrhoea and malnutrition). For example, associated malnutrition was observed in 76.9% of those cases in which diarrhoea was coded as the underlying cause of death. It was concluded that the quality of the death certificates is not satisfactory. However, the composition of the main groups of causes presented no significant alteration after investigation and may be used in public health surveillance, especially if we regard pneumonia, diarrhoea and malnutrition as a group with the same determinants. Unfortunately, this group still accounts for a great number of otherwise avoidable deaths in Brazil.A partir de dados coletados para um estudo sobre a mortalidade infantil na região metropolitana de Belo Horizonte, MG, Brasil, foi selecionada uma amostra aleatória de óbitos infantis ocorridos em 1989, para avaliar a concordância da causa básica de morte registrada na declaração de óbito e a obtida após revisão detalhada do prontuário hospitalar da criança. Verificou-se que 11,7% dos óbitos neonatais não tiveram a causa básica registrada no atestado, confirmada pela investigação nos prontuários médicos (kappa = 0,61), o mesmo ocorrendo em 44,0% dos pós-neonatais (kappa = 0,47). Esta maior discordância no grupo pós-neonatal provavelmente se deveu a maior dificuldade de definição das causas contribuintes e da causa básica dos óbitos por diarréias, pneumonias e desnutrição, principais causas de mortalidade nesse grupo. Em relação aos óbitos por desnutrição e diarréia, observou-se associação entre ambas em 76,9% das vezes em que a diarréia foi selecionada como causa básica, mostrando que essas patologias podem ser destacadas como um mesmo grupamento em saúde pública. As discordâcias encontradas demonstram que os médicos ainda dão pouca importância ao seu papel como agentes geradores de informação de saúde. Os dados da declaração de óbito fornecem indicação razoável das principais causas de mortes infantis, principalmente quando se considera o grupamento diarréia-pneumonia-desnutrição, composto de patologias evitáveis e ainda de grande relevância como causa de mortalidade infantil na região

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