Delirium: uma perspectiva histórica

Abstract

Delirium remained a stable psychiatric category until the early 19th century when it underwent etiological and phenomenological redefinition, precipitating the transformation of the functional insanities into psychoses. Confusion, introduced by French workers during the second half of the century, referred to a syndrome wider than (but including) delirium. It emphasized chaotic thinking and cognitive failure. The notion of clouding of consciousness (and temporo-spatial disorientation) established a common denominator for the two concepts, while Chaslin and Bonhoeffer redefined confusion and delirium as the stereotyped manifestations of acute brain failure.O delirium corresponde a uma das primeiras doenças mentais descritas na literatura médica, há mais de 2.500 anos. Nas classificações psiquiátricas, permaneceu como categoria nosológica independente até o final do século XIX, quando foi redefinida com base nos seus aspectos fenomenológicos e etiológicos, precipitando a reclassificação das insanidades funcionais em psicoses. os estados confusionais passaram a se referir a uma síndrome mais ampla que incluía o delirium, enfatizando a desorganização dos processos cognitivos e do pensamento, e tendo no turvamento da consciência e na desorientação temporoespacial a condição de base. Com o objetivo de descrever a evolução histórica do conceito de delirium, foram realizados levantamentos da literatura médica através do sistema Medline, além da pesquisa em publicações literárias específicas sobre os temas história da medicina e história da psiquiatria. Partiu-se de algumas observações dogmáticas praticadas na Antigüidade e Idade Média, para atingir as definições e práticas atuais, oferecendo uma análise crítica dos critérios diagnósticos vigentes (DSM-III, DSM-IIIR, DSM-IV e CID-10). Não obstante a evolução conceitual, o delirium continua sendo mal compreendido, do ponto de vista fisiopatológico e são poucas as opções terapêuticas. o diagnóstico de delirium é ato eminentemente clínico: baseia-se na observação cautelosa das manifestações psíquicas e comportamentais dos pacientes acometidos, além da análise dos fatores predisponentes e precipitantes. É freqüente o seu subdiagnóstico em contextos clínicos e cirúrgicos. o diagnóstico do delirium é estabelecido em apenas 30% a 50% dos pacientes, sendo a omissão diagnóstica menos freqüente em serviços que contam com a interconsulta psiquiátrica. o delirium é uma das complicações mais comuns entre pacientes idosos hospitalizados e está associado a maior morbimortalidade. Isso sustenta a importância do seu pronto reconhecimento e manejo

    Similar works