Nas últimas quatro décadas, a historiografia tem privilegiado o estabelecimento de diálogos com a antropologia, a teoria literária, a hermenêutica e alguns campos da semiologia ao discutir o estatuto da história como campo específico do saber e a natureza das verdades que ela produz. Esses diálogos trouxeram grandes avanços, mas limitaram o debate a um espaço específico e tautológico, que busca dar conta das diferentes interações entre história e Narrativa, ora assumindo o ofício do historiador como produtor de ficções controladas que fazem as vezes do pretérito, ora relativizando tal assunção ao distinguir a narrativa literária - comprometida com o verossímil - e a narrativa histórica - comprometida com o verdadeiro. O presente trabalho busca, a partir da análise de obras canônicas no campo da história e narrativa, utilizar os conceitos de ceticismo, dogmatismo e criticismo derivados da teoria do conhecimento de Johannes Hessen para delimitar o lugar epistemológico em que se inserem as abordagens de Leopold Von Ranke, Hayden White, Roland Barthes, Paul Ricoeur, Michel de Certeau e Michel Foucault.