Tese de mestrado, Psicologia (Secção de Psicologia Clínica e da Saúde - Núcleo de Psicologia da Saúde e da Doença), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2013Esta dissertação apresenta um estudo qualitativo e observacional que tem como
objetivo principal explorar as crenças infantis em relação à consulta de pediatria e
estudar a intervenção da criança durante a consulta.
A amostra é constituída por 21 crianças com idades compreendidas entre os 5 e
os 10 anos, que frequentam a consulta de pediatria.
Para obter-se dados sobre as crianças da amostra e a consulta da criança, usou-se
o questionário demográfico e de informações relativa a questões médicas e da consulta.
Como metodologia de exploração das crenças da criança em relação à consulta utilizouse
uma entrevista semi-estruturada, cujas questões de orientação foram definidas de
acordo com as dimensões em estudo e com a revisão de literatura. Para analisar a
intervenção da criança no decorrer da consulta usou-se a gravação em vídeo e áudio. Os
dados obtidos foram analisados e interpretados segundo uma análise de conteúdo.
Os resultados demonstram que poucas crianças sabem o motivo da consulta e
que a consulta, para elas, tem como finalidade o cuidado em caso de doença. A criança
caracteriza a consulta segundo a sua finalidade e com a descrição da observação clínica.
A intervenção da criança na consulta é muito limitada e ocorre principalmente
sob a forma de fornecimento de informação, na fase de história. A criança intervém
especialmente quando solicitada. Os conteúdos da sua intervenção são diversificados
mas os mais frequentes relacionam-se com temas de natureza social (e.g., escola) e com
a consulta (e.g., sintomas).
A criança recorda principalmente a fase de observação clínica e os conteúdos da
consulta memorizados/compreendidos relatados pela criança são confusos e pouco
estruturados. Ainda, a criança não sabe explicar os procedimentos recomendados nem a
sua finalidade.
Os dados obtidos revelam a importância da realização de investigações futuras e
da promoção do envolvimento da criança na consulta de pediatria.This dissertation presents a qualitative and observational study that aims to
explore children’s beliefs regarding pediatric appointment and study and the child’s
intervention during the medical appointment.
The sample consisted of 21 children aged between 5 and 10 years, attending
pediatric appointments.
A questionnaire was used to obtain demographic data about the children, and
information on medical issues and the medical appointment. A semi-structured
interview was used as exploratory methodology of child’s beliefs. The main questions
were defined according to the study’s dimensions and literature review. A record video
and audio was used to collect the involvement of child in the course of medical
appointment. All data were analyzed and interpreted according to a content analysis.
The results show that few children know the reason for medical appointment and
they perceive medical appointment as related to illness and the cure of diseases.
The intervention of the child in medical appointment is very limited and occurs
primarily in form of providing information, at clinical history stage and upon request.
Their interventions relates to social issues (e.g., school) and medical related (e.g.,
symptoms).
The child remembers mainly the clinical observation moment and the
memorized/understood medical appointment contents, reported by child, are confusing
and poorly structured. The child does not know how to explain medical procedures or
treatment recommended, nor their function.
The results reveal the importance of conducting future research in this area and
the promotion of child’s involvement in pediatric appointment