A partir da recolha hemerográfica, em jornais de circulação nacional e regional, no
período entre 1865 e 2015 em Portugal continental, foi construída uma base de dados -
DISASTER - com os locais geograficamente identificáveis, afetados por cheias, inundações
ou por movimentos de massa em vertentes, aos quais se associam perdas humanas (mortos,
feridos, desaparecidos ou desalojados), independentemente do seu número. Os resultados
mostram a evolução decenal das ocorrências, a distribuição por bacia hidrográfica e por
unidades morfo-estruturais. Transparece uma distribuição global de ocorrências por todo o
território continental português, com concentração de ocorrências e de impactos humanos
em margens dos rios Douro e seus afluentes, no Médio e Baixo Tejo, no Baixo Mondego e
Águeda, os quais são marcados dominantemente por processos de cheias progressivas ou
rápidas. Verifica-se igualmente a concentração de pontos em espaços com uso e ocupação
urbana intensa, como são Lisboa e o Porto e os seus municípios adjacentes, assim como
a região de Coimbra ou o Algarve, em que as cheias e os processos de instabilidade de
vertentes originam impactos humanos. Os episódios hidro-geomorfológicos constituem, assim, processos naturais a que se associam perdas humanas com mortos e feridos, ou um
elevado número de evacuados e desalojados, traduzindo um território de inquietação para a
população e para os gestores do risco.info:eu-repo/semantics/publishedVersio