A Jazida paleolítica de Castelo Velho (Riachos, Torres Novas), novos elementos para o seu estudo: a indústria lítica do locus 2.

Abstract

A descoberta de uma nova ocupação arqueológica na jazida paleolítica do Castelo Velho ocorreu no decurso de trabalhos de investigação sobre o Paleolítico Inferior, na margem direita do rio Tejo, na área abrangida pelos concelhos do Entroncamento, Golegã e Torres Novas. Quando procedemos à relocalização desta jazida, ao seu estudo e enquadramento na cronoestratigrafia das formações quaternárias da região,detectou-se um depósito coluvionar que, localmente, se sobrepõe de forma parcial às formações fluviais do rio Tejo aí representadas – Ft4 e Ft5 – associado a uma significativa concentração de materiais líticos talhados. A posterior realização de uma escavação arqueológica no local possibilitou a recolha de uma indústria lítica com mais de 250 peças baseada na exploração local do quartzito sob a forma de calhaus rolados. O estudo desta colecção permitiu verificar a preponderância de uma cadeia operatória de debitagem centrípeta, não Levallois, associada à presença quase exclusiva de alguns utensílios sobre lasca, o que levou a associar a indústria lítica ao Paleolítico Médio. Tendo em conta a posição estratigráfica da coluvião e a pedogénese que a afecta, admite-se que a mesma se terá formado depois da deposição da última formação fluvial, localmente representada em Castelo Velho (Ft5), mas num momento anterior ao início da deposição da formação fluvial mais recente do rio Tejo (Ft6), o que está de acordo com a classificação proposta e sugere, aparentemente, uma datação relativamente antiga para a indústria no quadro do Paleolítico Médio em Portugal

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