As fossas nasais, durante a respiração, têm funções de acondicionamento do ar inspirado, traduzidas por processos de filtração, de aquecimento e de humidificação, constituindo, assim, um mecanismo de defesa inespecífico contra a penetração de agentes agressógenos às vias respiratórias inferiores. A exclusão desta barreira, em doentes laringectomizados por neoplasia laringea, poderá determinar, no pulmão profundo, uma maior sobrecarga inalatória e condicionar alterações celulares e humorais.
No presente trabalho procurou-se avaliar as repercussões celulares no pulmão profundo em doentes laringectomizados. Num total de 30 doentes (29 do sexo masculino e 1 do sexo feminino, com 59,3 ± 7,9 anos de idade) caracterizou-se no líquido de lavagem broncoalveolar a celularidade total e diferencial bem como as populações linfocitárias determinadas pelos anticorpos monoclonais CD2, CD4, CD8 e CD19. No sangue periférico foram também avaliadas as subpopulações linfocitárias pelos mesmos anticorpos.
A celularidade do LBA foi de 444 ± 307 x 103/ml sendo, no grupo de controlo, (onze fumadores 39,8 ± 7,6 anos de idade), de 626 ± 318 x 103/ml. Ao comparar os grupos laringectomizado e fumador observaram-se diferenças significativas no valor percentual de macrófagos - 70,4 ± 17,8% vs 96,5 ± 1,5% - e de linfócitos - 23,3 ± 15,7% vs 2,9 ± 1,07%.
As alterações observadas parecem estar mais relacionadas com a exposição ao fumo do tabaco do que com a exclusão das vias aéreas superiores
