Tese de doutoramento em Sociologia (Pós-colonialismos e Cidadania Global) apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sob a orientação de Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses.A questão principal desta pesquisa é saber se as Universidades dos Movimentos
Sociais são experiências descolonizadas e de emergência emancipatória. Para responder
a essa pergunta, o texto está embasado nas teorias que trabalham com as perspectivas
descoloniais e com a ideia de Boventura de Sousa Santos de Sociologia das Ausências e
das Emergências. Essas teorias são utilizadas como forma de apostar em uma
concepção de educação que herda os princípios da educação popular de Paulo Freire,
acrescentando as ideias de interculturalidade e de tradução intercultural. A tese é uma
aposta nas Universidades dos Movimentos Sociais como fomentadoras dessa outra
educação. A escolha foi por realizar quatro estudos de casos de Universidades dos
Movimentos Sociais bastante distintos, no intuito de verificar as hipóteses de pesquisa.
Os instrumentos metodológicos utilizados foram: observação participante, entrevistas
semiestruturadas e análises documentais. Os quatro estudos de caso referem-se à Escola
de Formação de Educadores(as) Sociais no Recife – Brasil, à Escola Nacional Florestan
Fernandes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil, à Universidad
de la Tierra, ligada ao Movimento Zapatista do estado de Chiapas no México e à
Universidade Popular dos Movimentos Sociais. Para cada caso discorri a respeito do
contexto, da história e da estrutura e funcionamento da iniciativa em questão. Após essa
contextualização, os casos foram destrinchados a partir de três unidades de análise:
saberes, práticas e sujeitos. No final da tese um capítulo é dedicado para a reflexão
integrada dos casos. Nessa reflexão, é feita uma comparação entre as experiências
estudadas com o intuito de encontrar semelhanças e diferenças e de melhor refletir a
respeito do conceito de Universidade dos Movimentos Sociais. A tese concluiu que as
Universidades dos Movimentos Sociais são experiências bastante plurais e
experimentais, ou seja, são iniciativas que trilham o seu percurso ao longo do seu
caminhar