Tese de doutoramento em Biologia (Ecologia) apresentada à Fac. de Ciências e Tecnologia da Univ. de CoimbraO principal objectivo deste estudo foi desenvolver e investigar as potencialidades de ensaios simples, rápidos e efectivos como alternativa aos testes de toxicidade convencionais. Seleccionaram-se como modelos o crustáceo cladócero Daphnia magna e o rato (Rattus norvegicus), por serem espécies tradicionalmente utilizadas em estudos de toxicidade. Três agentes químicos (3,4-dicloroanilina, paratião e cádmio), considerados como substâncias representativas de diferentes grupos químicos (organoclorados, organofosforados e metais, respectivamente), foram usados como substâncias-teste.
Os principais problemas que se levantam em testes de toxicidade com D. magna são: i) a longa duração dos bioensaios crónicos, ii) a avaliação da toxicidade de substâncias consideradas "difíceis" (e.g. paratião) e a escassez de informação fornecida pelos testes agudos baseados na mortalidade. Os resultados obtidos neste estudo sugerem que os efeitos induzidos na primeira ninhada são semelhantes aos efeitos induzidos após 21 dias de teste. Neste trabalho foram também comparados os efeitos da renovação de meio e do uso de um solvente (etanol) na toxicidade letal do paratião para D. magna. Os resultados obtidos indicam que não é necessário o uso de um solvente para se obter a dissolução do paratião até uma concentração de 5 mg/l, a degradação do paratião é negligenciável e as potenciais interacções entre solvente e tóxico não afectam a toxicidade letal do paratião para D. magna em condições experimentais semelhantes às utilizadas. Um dos ensaios agudos testado, o ensaio de inibição da acetilcolinesterase in vivo, apresenta diversas vantagens relativamente ao teste agudo clássico com Daphnia. A toxicidade da 3,4-dicloroanilina, do paratião e do cádmio para ratos Wistar machos foi avaliada utilizando parâmetros hematológicos e bioquímicos como critérios de efeito. Os resultados obtidos indicam que o conjunto de índices utilizados é sensível e suficientemente diversificado para avaliar diversos tipos de efeitos tóxicos.
Os resultados obtidos neste estudo sugerem que alguns dos ensaios de toxicidade convencionais podem ser substituídos por alternativas mais simples, rápidas e efectivas
