Partindo da análise crítica dos principais paradigmas de investigação sobre o ensino e da formação de professores, destacando a influência da psicologia, nomeadamente do behaviorismo e do cognitivismo, a presente dissertação procura evidenciar o contributo da psicologia social do conhecimento para a análise e fundamentação das práticas de formação.
Representando um afastamento da corrente dita "fundamentalista" na abordagem dos fenómenos psicossociais, e identificando-se com a corrente europeia de psicologia social, esta perspectiva, inaugurada por Moscovici (1961/1976), caracteriza-se por realçar o papel constitutivo e estrutural que os factores sociais desempenham no processo de conhecimento e a sua não unicidade, ou seja, a existência de diversos modos de conhecimento (Beauvois e Deschamps, 1990).
Na perspectiva da psicologia social do conhecimento, procuramos estabelecer um estudo comparativo das teorias da representação social de Moscovici (1961/1976) e dos construtos pessoais de Kelly (1955), que concebemos como um quadro de referência para uma identificação e análise das representações espontâneas e representações do conhecimento formal que atravessam as práticas de formação.
Servindo-nos da metodologia do inquérito por questionário auto-administrado e de procedimentos derivados da teoria de Kelly (1955), procuramos identificar e analisar as crenças, concepções ou perspectivas que os estudantes que iniciam cursos de formação psicopedagógica possuem acerca do ensino e da aprendizagem, o modo como se apropriam do conhecimento formal que lhes é ministrado e o modo como percepcionam o modelo de formação em que estão inseridos, dada a influência que exerce o próprio dispositivo de formação