Produção de ânforas em época romana em Lagos: os dados resultantes das intervenções de contrato realizadas no âmbito do Projecto URBCOM.

Abstract

Os trabalhos arqueológicos realizados no âmbito do projecto URBCOM – Requalificação Urbana da Rua 25 de Abril e Rua Silva Lopes –, pela Empresa era-arqueologia s.a., possibilitaram a recolha de inequívocos testemunhos de produção de ânforas no local onde hoje se encontra a cidade de Lagos. Em diferentes pontos da escavação realizada na rua Silva Lopes (Sondagem 14, Caixa de Visita 7 e ramais) foi identificado um sedimento negro, com manchas argilosas alaranjadas, que apresentava uma apreciável quantidade de fragmentos de ânforas, com sinais de deformações e sobrecozedura. Trata-se de exemplares das formas Almagro 51c e, sobretudo, da usualmente designada Almagro 51 a / b. O fabrico é bem característico, com uma pasta de tonalidade vermelha alaranjada, com abundantes grãos de quartzo rolados, “chamota”, microfósseis marinhos e grandes nódulos calcários. De um ponto de vista formal, regista-se alguma analogia com as produções já documentadas nas olarias de Martinhal, Sagres, e S. João da Venda, Faro, uma ânfora piriforme alongada de cerca de 80 cm de altura, bocal estreito, colo baixo e asas curtas, em fita e de secção oval, que arrancam imediatamente abaixo do bocal, descendo em ângulo recto para o ombro. O fundo é cónico e maciço. Usualmente estas ânforas têm sido integradas no tipo Almagro 51 a-b ou Keay XIX / XXI. Contudo, pelo conjunto de singularidades que patenteiam, julgamos que merecem ser individualizadas. Discutem-se os critérios convocados para a caracterização da forma Almagro 51 a-b, Keay XIX e XXI, bem como a pertinência da sua aplicação a formas análogas identificadas no sul da Lusitânia. Propõe-se a denominação de ânfora Algarve 1, na medida em que é possível dizer que esta forma se produziu em olarias algarvias, não somente em Lagos, num âmbito cronológico ainda incerto, mas seguramente centrado no séc. V

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