'Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/Edicoes UESB'
Abstract
Com base nos postulados teórico-metodológicos da Análise de Discurso de matriz francesa, na abordagem Sócio-Histórica do Letramento e no referencial Histórico-Cultural, este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que investigou a relação que professoras alfabetizadoras estabeleceram com a leitura ao longo da infância e como tal relação repercute em suas práticas pedagógicas escolares, no atual contexto escolar. O corpus foi constituído por depoimentos orais dessas professoras, como também sobre os depoimentos que abordam seus saberes e fazeres pedagógicos. As análises mostram que sujeitos-professores, cujas memórias discursivas vinculam afetos positivos às suas experiências com a leitura, desenvolvem práticas pedagógicas escolares nas quais se fazem presentes condições de produção que possibilitam aos estudantes, pelos quais são responsáveis, ocupar a posição de sujeito que se arrisca a produzir sentidos. As análises mostram também que sujeitos-professores que tiveram oportunidades de ressignificar suas vivências com a leitura e, nessa perspectiva, reelaborar os sentidos, sentimentos e emoções a ela associados realizam práticas pedagógicas que reconhecem e valorizam a linguagem polissêmica enquanto uma instância capaz de instigar a atribuição de sentidos por parte dos estudantes. Sujeitos-professores que não aprenderam a gostar de ler tendem a submeter-se aos ditames do discurso pedagógico escolar tradicional. É importante que os cursos de licenciatura proporcionem aos futuros professores oportunidades para se constituírem intérpretes-historicizados, o que poderia lhes assegurar condições para ocupar a posição de um sujeito-leitor capaz de produzir leituras (interpretações) singulares