O racismo contra negros no Brasil é um problema latente, provocador e complexo, por mais que alguns setores sociais tentem tornar invisível tal situação. Essa realidade torna essa pesquisa relevante por esta levantar questões críticas a respeito das constituições dos sujeitos e seus discursos acerca do racismo, mas, principalmente por abranger o discurso que está inserido em práticas sociais tensas de resposta ao discurso dominante e estabelecedor de relações assimétricas de poder. A partir da Teoria Social do Discurso de Norman Fairclough (2001), da Gramática do Design Visual de Gunther Kress e van Leeuwen (2006) e da concepção de texto de Hanks (2008), realizamos a análise crítica de três imagens (grafites) presentes em espaços públicos (muro e calçada) na rua Juvenal Galeno (Bairro do Benfica) e na avenida Treze de Maio (Bairro de Fátima), na cidade de Fortaleza - CE. Buscamos, assim, relacionar as implicações desses três referenciais teóricos na nossa análise: a definição de discurso, enquanto prática social, de Fairclough, aliada à sua concepção de texto como formação social, o processo conceitual simbólico sugestivo da Gramática do Design Visual e a concepção dinâmica de texto proposta por Hanks. O conjunto visual formado por texto e imagem nos grafites revela o discurso multimodal de um movimento negro que busca questionar os sentidos impostos pelo discurso racista dominante. Ao contrário do que o senso comum defende, os grafites são construções fecundas de sentido que produzem subjetividades e podem transformar o imaginário social