O artigo analisa o problema do mistério como liturgia e efetualidade. Nesta perspectiva, Giorgio Agamben busca colocar em exame, arqueogenealógico, alguns aspectos aporéticos no que se refere ao mistério da liturgia cristã. O problema do poder e da gestão de vida é fucral no pensamento de Agamben. Portanto, abordamos o problema da efetuabilidade e da operatividade como um viés de análise da linguagem performativa do discurso na liturgia e ainda na normatividade ativa da gramática jurídica. Como desdobramento destas aporias, somos levados a tratar da questão tensa que envolve os imbróglios referentes a metafísica do comando na dinâmica articulativa entre o dever e o ofício, referentes a ética deontológica dos modernos de matriz kantiana. Por certo, não se pode negar o pano de fundo teológico que foi permeado pela liturgia cristã em suas noções de virtude e reverência. Estas categorias foram, deveras, utilizadas pelos pensadores medievais em sua construção teórica. Por fim, fazendo uma condensação destas questões e levando em consideração as convergências e divergências filosóficas e teológicas, Agamben nos chama a atenção para o fato de que tanto na ética, como na política e na liturgia cristã, tivemos formas eficazes de governar as vidas. Porém, as vidas não perderam a sua condição e potencialidades de ser e agir eticamente na esfera pública da comunidade, tendo em vista a construção de uma forma-de-vida pautada pela autêntica distinção expressa entre vida e regra