Em face da condição de exclusão em que os Kinikinau se encontram, vivendo em terras alheias, lutando pelo reconhecimento étnico e territorial, partimos da hipótese de que a Escola Municipal Indígena Koinukunoen da Aldeia São João para esse povo é concebida, em especial, como um microterritório em que a “democracia” se estabelece oportunizando momentos de construção identitária quando a língua Kinikinau é ensinada, quando valores e saberes desse povo são transmitidos aos alunos. Posto isso, este trabalho tem como objetivo problematizar o processo de constituição identitária dos indígenas, a partir da perspectiva discursiva e do processo de referenciação linguística, com base na interpretação de regularidades enunciativas que nos possibilitem buscar, via materialidade linguística, as condições de produção, as formações discursivas e os interdiscursos que se presentificam no discurso das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica (2012) e no discurso do povo Kinikinau sobre educação, escola e território visando uma discussão sobre os efeitos de sentidos gerados. Para o desenvolvimento deste trabalho mobilizamos a perspectiva da Análise de Discurso de linha francesa pautando-nos em autores como Authier-Révuz (1998), Coracini (2003,2007), Foucault (2012, 2008) e Orlandi (2009); e a dos estudos culturalistas com autores como Canclini (2006) e Hall (2013; 2005). Considerando a emergência das questões indígenas, esperamos que essa pesquisa contribua de maneira singular no esclarecimento do processo identitário do indígena Kinikinau, além de propiciar uma reflexão sobre os discursos que emergem do/sobre o indígena e o documento oficial, além dos interdiscursos que perpassam esses sujeitos e os documentos que legislam a educação escolar indígena no Brasil.Palavras-chave: KINIKINAU; IDENTIDADE; REPRESENTAÇÃO