APLICAÇÃO DA ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA EM UM GRUPO DE IDOSOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Abstract

Introdução: O Brasil envelhece de forma rápida e intensa. Segundo o Censo IBGE de 2010, a população idosa brasileira é composta por 23 milhões de pessoas, totalizando 11,8% da população total do país. A expectativa de vida para a população brasileira aumentou para 74 anos, sendo 77,7 anos para a mulher e 70,6 para o homem. O aumento da expectativa de vida representa uma importante conquista social e resulta da melhoria das condições de vida, como a ampliação do acesso aos serviços de saúde, envolvendo as ações de promoção da saúde e prevenção de agravos, o avanço das tecnologias de cuidado, a ampliação da cobertura de saneamento básico, água encanada, esgoto, o aumento da escolaridade, da renda, entre outros determinantes sociais. Ao pensar no processo de envelhecimento da população, nota-se que o mesmo vem acompanhado pelo aumento das doenças psiquiátricas, sendo a depressão um dos transtornos mais comuns em idosos, o que merece especial atenção, pois apresenta frequência elevada e consequências negativas para a qualidade de vida dos indivíduos acometidos. O quadro clínico do transtorno depressivo consiste em alterações de humor, de comportamento e também das funções cognitivas. Neste contexto, a investigação de depressão em idosos torna-se cada vez mais importante, visto que é uma enfermidade muito prevalente e que, frequentemente, é considerada uma decorrência natural do envelhecimento, sendo negligenciada como possível indicador de uma morbidade que causa sérios danos à qualidade de vida do idoso e de seus familiares. Um dos instrumentos mais utilizados para o rastreamento de depressão em idosos é a Escala de Depressão Geriátrica (EDG), que  analisa a presença de sintomas depressivos mediante 15 perguntas com respostas objetivas/fechadas a respeito de como a pessoa idosa tem se sentido durante a última semana. O objetivo é conhecer com mais precisão o estado do idoso e os seus problemas, possibilitando uma resposta mais completa e adequada dos profissionais e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida para o idoso. Objetivo: Relatar a atividade desenvolvida com um grupo de idosos a partir da aplicação da EDG. Método: Trata-se de um relato de experiência de uma atividade desenvolvida com um grupo de idosos, sendo que, na oportunidade, houve a aplicação da EDG aos idosos participantes. A atividade foi desenvolvida por acadêmicos da 9ª fase do curso de Enfermagem da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), campus São Miguel do Oeste (SC). A atividade aconteceu durante o Estágio Supervisionado II de Saúde Coletiva, em uma Estratégia Saúde da Família do mesmo município, durante o mês de junho de 2017. Resultados: A EDG foi aplicada para 40 idosos participantes da atividade. Foram realizadas as 15 perguntas que compõem a EDG, traduzida e validada, em que constam perguntas afirmativas e negativas, onde o resultado de 5 ou mais pontos é sugestivo de transtorno depressivo, sendo que o escore igual ou maior que 11 caracteriza susupeita de depressão grave. As perguntas realizadas na ocasião da aplicação da EDG são: Está satisfeito (a) com sua vida? Diminuiu a maior parte de suas atividades e interesses? Sente que a vida está vazia? Aborrece-se com frequência? Sente-se de bem com a vida na maior parte do tempo? Teme que algo ruim possa lhe acontecer? Sente-se feliz a maior parte do tempo? Sente-se frequentemente desamparado (a)? Prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? Acha que tem mais problemas de memória que a maioria? Acha que é maravilhoso estar vivo agora? Vale a pena viver como vive agora? Sente-se cheio(a) de energia? Acha que sua situação tem solução? Acha que tem muita gente em situação melhor? Dos 40 idosos participantes, quatro apresentaram pontuação sugestiva de depressão, sendo que um deles alcançou 11 pontos, o que sugere um quadro de depressão grave. A escala teve boa aceitação por parte dos idosos. Conclusão: A depressão é uma condição clínica que gera grande preocupação, devido ao aumento de sua morbimortalidade, principalmente em idosos, impactando negativamente a capacidade funcional e a qualidade de vida destes indivíduos. Por conta disso, deve ser investigada de maneira rotineira, pois é uma condição muito prevalente, mas passível de tratamento. A metodologia aplicada nesta atividade, por meio da EDG, foi simples, eficiente e de baixo custo, podendo ser replicada em outros ambientes operacionais como hospitais, domicílios, Estratégias de Saúde da Família e em casas geriátricas de longa permanência. Com esse objetivo, uma estratégia adequada dentro de um sistema hierarquizado de saúde seria a de privilegiar a sensibilidade da escala. O conhecimento da escala e seu melhor ponto de corte é importante para o gerenciamento dos escassos recursos humanos e materiais disponíveis nos espaços públicos de atenção à saúde do idoso

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