A PRESENÇA DE COMPETIDORES E PREDADORES PODE INFLUENCIAR NO COMPORTAMENTO DE OVIPOSIÇÃO DE Sabethes aurescens (DIPTERA: CULICIDAE)?

Abstract

Sabethes aurescens é uma espécie de mosquito cujos imaturos se desenvolvem em água acumulada no interior de internódios de bambus perfurados lateralmente. Nesses criadouros, além dessa espécie, podem ser encontradas outras espécies de mosquitos, como Wyeomyia limai e Toxorhynchites spp. A primeira é considerada uma espécie detritívora, assim como S. aurescens, e a segunda é considerada uma espécie predadora de outras larvas. O objetivo deste estudo foi identificar se as fêmeas adultas de S. aurescens conseguem perceber e evitar ovipositar em internódios de bambus que contenham larvas potencialmente competidoras ou predadoras para suas proles. Foram perfurados lateralmente, com o emprego de uma furadeira elétrica, internódios de bambus de um bambuzal localizado em um fragmento florestal da Floresta Ombrófila Densa na Ilha de Santa Catarina, Florianópolis, SC. Posteriormente, nesses internódios, foram colocados cinco tratamentos com seis réplicas cada, contendo larvas de mosquitos com 150 ml de água destilada. Os tratamentos eram compostos por: uma larva de S. aurescens (T1), cinco larvas de S. aurescens (T2), uma larva de W. limai (T3), uma larva de Toxorhynchites spp. (T4) e apenas água destilada (controle) (T5). Após o período de 28 dias, os bambus foram cortados e seu conteúdo aquático foi levado ao laboratório para observação e contagem da presença de novas larvas de S. aurescens, o que, indiretamente, indicaria que as fêmeas dessa espécie tinham ovipositado naqueles internódios. Foram observadas 178 larvas novas no T1, 86 em T2, 81 em T3, 14 larvas novas em T4 e 84 em T5 (controle). O teste de ANOVA e, a posteriori, de Tukey, indicou diferenças significativas entre as médias de larvas de S. aurescens entre os tratamentos (F = 22,24; p<0,05); as fêmeas dessa espécie preferiram ovipositar em internódios que continham apenas uma larva de sua espécie (T1) e evitaram ovipositar em internódios que continham larvas predadoras de Toxorhynchites spp. (T4). Dessa forma, é possível concluir que as fêmeas de S. aurescens conseguem perceber a qualidade do possível futuro criadouro de sua prole e assim, escolher ambientes com melhores condições para a sobrevivência de seus imaturos.Palavras-chave: Comportamento. Ecologia. Mata Atlântica

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