O recente ordenamento territorial dos índios Nambiquara da Serra do Norte que se identificaram durante os trabalhos de campo como Sabanê, Kolimisí, Idalamarê, Lakondê, Niyahlosu, Siwaihsu e Hinkatesu consite no objeto deste estudo. O que se quer evidenciar é a dinâmica cultural desses grupos que há mais de uma década decidiram retornar ao seu antigo território de ocupação tradicional. O contato dos índios com os não índios encontra-se enlaçado em dimensões culturais e políticas, resultantes de uma distribuição desigual de poder. Com base na pesquisa etnográfica, este artigo pretende lançar luz ao retorno de famílias pertencentes aos grupos Nambiquara da Serra do Norte, anteriormente localizadas na Terra Indígena Pyreneus de Souza, município de Comodoro, Mato Grosso. Daí retornaram ao seu território tradicional, à margem direita do rio Roosevelt, no Sul da Terra Indígena Parque do Aripuanã. Afora a pesquisa etnográfica adotada para resolver a problemática indicada, a metodologia utilizada consistiu também na pesquisa documental, quando foram analisados documentos do SPI e os poucos produzidos pelas lideranças indígenas que conduziram o processo de retorno ao Sul do Parque do Aripuanã. O percurso teórico seguiu especialmente as trilhas de Junqueira (2002), Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses (2010), Anibal Quijano (2005), Georges Balandier (1976 e 1997) para investigar outras lógicas de produção de conhecimento e ideias, com padrões próprios de expressão intelectual indígena