A literatura de Eloí Bocheco é carregada de afeto e memórias. Percorrendo as páginas de suas obras, que não são poucas e que não seguem uma única vertente de gênero, público ou estilo, fica claro que é a partir desses ingredientes que a sua escrita literária se organiza. Em Pomar de brinquedos (2009) e Cantorias de Jardim (2012), o afeto pelas frutas e flores, respectivamente, trazido ao texto pelas memórias da autora, transfigura-se em poemas lúdicos e sensíveis, inspirados na poesia folclórica, marca evidente da autora, acostumada desde muito cedo com o repertório da poesia oral. Nos poemas das obras que compõem o corpus de análise deste artigo as frutas e flores são celebradas. E tal celebração, impulsionada pela memória e pelo afeto, alcança o auge no manejo da linguagem literária, a nosso ver exemplar, por articular os elementos que Emil Staiger (1997) enumera para a poesia lírica, que nós adaptamos para a poesia de recepção infantil