Cátedra UNESCO Archai (Universidade de Brasília); Imprensa da Universidade de Coimbra, Portugal; Annablume Editora, São Paulo, Brasil
Abstract
Em breve “diálogo” com dois textos do Prof. John Cooper, este artigo trata um aspecto particular da relação entre os tratamentos da “alma”, principalmente, no Livro IV da República de Platão; e por Aristóteles no De anima, na Retórica e nos tratados éticos. Para Platão, a alma humana representa a combinação de três elementos, partes ou fatores - logistikon, thumoeides, epithumêtikon -, comparáveis a um homem, um leão e um monstro e respectivamente associados a ações causadas pela razão, pelo “thumos” ou por nossos apetites. A tripartição é uma ideia dominante pelo menos em contextos relacionados à psicologia moral e à explicação da ação nos diálogos platônicos a partir da República. Não há grande interesse de Aristóteles pelas “partes” da alma, mas pelo menos no contexto ético há alguma tendência a dividir a alma, se bem que apenas por analogia, e divide frequentemente o desejo em três subtipos - boulêsis, thumos e epithumia. Contudo, naqueles textos aristotélicos que se preocupam mais diretamente com a psicologia moral, isto é, os tratados éticos e a Retórica, o que realmente mais chama a atenção é, acima de tudo, a ausência da tripartição da alma. Para Aristóteles, não há muita utilidade para qualquer ideia de “partes” da alma no sentido platônico