A coisificação da mulher no gênero samba, subgênero pagode, e o seu reflexo no comportamento masculino na sociedade brasileira

Abstract

Este artigo tem como objetivo mostrar como a música influencia o comportamento da sociedade. Essa relação tende a ser benéfica, mas analisamos que há controvérsias quando abordamos o pagode e a sua conexão com crimes sexuais e a criminalidade. O presente trabalho também tem o objetivo de fazer uma análise vitimológica sobre o comportamento feminino, a fim de observar se suas atitudes colaboram com os crimes que cerceiam a liberdade sexual. As pesquisas bibliográficas e a análise das composições musicais levantaram uma compreensão maior sobre as origens do pagode como produto cultural e a sua subsequente massificação. Músicas que retratavam temas românticos deram lugar a letras com conotação direta ou indiretamente sexual, o que reflete uma maior liberdade feminina. Todavia, os dados analisados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram um aumento nos índices de crimes sexuais na maioria dos estados brasileiros. O judiciário, por sua vez, tem agido incisivamente para combater tais práticas, de maneira a também coibir a exploração sexual e infantil. Nós observamos que o pagode sofreu alterações por interesses capitalistas das produtoras, pois as letras eróticas e as danças sensuais vendiam e agradavam mais. Tais mudanças são decorrentes e foram influenciadas pela aquisição de direitos por parte das mulheres através dos anos. O ideal da mulher dona de casa e submissa ao marido deu espaço à mulher independente e segura dos seus desejos sexuais. Constatamos que o novo comportamento feminino, apesar de provocativo, não justifica o desrespeito e os abusos cometidos pelos homens. As jurisprudências comprovam a importância jurídica e social do princípio da dignidade humana. Nossos resultados sugerem que a música mudou, porque a sociedade e os valores mudaram. Entretanto, o Direito também age de acordo com a valoração dos fatos e acompanha tais mudanças. Eles também demonstram que, apesar de gostarem dessa erotização do pagode, as mulheres não aceitam ser vulgarizadas ou coisificadas, como pode ser percebido em manifestações públicas como a “Marcha das Vadias”. Concluímos que o pagode, assim como o funk, é uma expressão cultural das massas e deve ser preservado, pois temos o direito de expressão. O que deve mudar e que não deve mais ser tolerado é o posicionamento abusivo dos homens frente à liberdade arduamente conquistada pelas mulheres

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