O presente artigo tem por objetivo propor uma reflexão sobre o processo tradutório, enfocando as diferenças entre traduzir um texto técnico e um texto literário. Para tanto, abordamos autores da área das ciências linguísticas que discutem as especificidades desses dois tipos de textos, entendendo que as diferenças entre eles residem não apenas em seus aspectos propriamente linguísticos, como também em elementos de ordem externa. A seguir, apresentamos quatro excertos de respostas provenientes de um questionário aplicado a tradutores profissionais e não profissionais, a fim de observar como eles percebem tais distinções no momento em que traduzem seus textos. Dentre as questões levantadas nas respostas, discutimos especialmente aquela entendida como uma interdição à interpretação imposta ao tradutor frente a um texto técnico. Finalmente, concluímos que embora cada tipo de texto convoque o tradutor a lançar mão de procedimentos distintos, toda tradução é interpretação, uma vez que a relação entre sujeito e língua é de ordem constitutiva, o que significa que não há para o sujeito lugar fora da linguagem.