UMA REFLEXÃO SOBRE A RETOMADA DOS MITOS NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: A INFLUÊNCIA DA MITOLOGIA CRISTÃ NA REPRESENTAÇÃO DA MITOLOGIA NÓRDICA

Abstract

A contemporaneidade está povoada de imagens e discursos e produz, a todo o tempo, novos saberes que se disseminam por meio de práticas discursivas na forma de gêneros específicos, determinados pela relativa estabilidade de suas características. O presente artigo tem por escopo, portanto, demonstrar o modo como o mito, em sua constituição arquetípica, é retomado, num movimento histórico cíclico, por meio de diferentes roupagens, evidenciando, dessa forma, o modo como o imaginário e o discurso se articulam na construção da história em quadrinhos como gênero do discurso e sua pluralidade de sentido derivada da linguagem multimodal que o constitui. Procura-se, por isso, descrever e analisar a história em quadrinhos intitulada A Essência do Medo – Jornada ao Mistério, em que se apresenta uma narrativa heroica oculta de Loki (Jovem Loki), em busca de ajudar o irmão (Thor) a proteger o mundo do Ragnarök (escatologia nórdica). Para tanto, utilizam-se Foucault (1995), na perspectiva discursiva, abrangendo o modo como as relações de saber produzem o construto histórico, Bakhtin (1992), em relação aos gêneros do discurso, sua mobilidade e relevância, Durand (2002), na perspectiva do imaginário como constelação de imagens que orienta dado valor de verdade e Nietzsche (2006), com sua filosofia do martelo. Esses autores, entrelaçados, tornam-se esteira teórica para a edificação do presente estudo. Configura-se, assim, como um trabalho de cunho qualitativo, segundo o qual se busca coletar dados representativos. Há de se ressaltar que o método da abordagem, hipotético-dedutivo, é utilizado como base para o desenvolvimento do trabalho, buscando comprovações por meio de marcas linguísticas e imagéticas que evidenciem a concretude da análise. Entende-se, nesse estudo, que a história não é um todo contínuo que se movimenta em uma única direção, sem quebras ou rupturas, mas um lugar de descontinuidade e mudança constante, sendo palco da amálgama mítica erigida a um trono por meio das angústias e anseios inerentes ao humano, o que movimenta os saberes correntes em dado momento e modifica as imagens que nele circulam, transformando, em decorrência disso, o modo como os enunciados se estruturam e os temas que carregam, trazendo, na análise empreendida, as formas heroicas dos deuses nórdicos para a moral maniqueísta alicerçada no cristianismo.&nbsp

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