HISTORIOGRAFIA, DESLOCAMENTOS E AFRICANIDADES

Abstract

Pretende-se proceder à leitura de imagens cunhadas na historiografia que modelaram identidades africanas e forjaram matrizes de pensamento acerca da formação mestiça da nação brasileira. Considerando-se que cada geração realiza uma leitura das produções intelectuais que a precedem e que as interpretações teórico-metodológicas, além de dialógicas, são histórica e politicamente construídas e re-significadas, é possível observar alinhamentos, dissonâncias e deslocamentos que reiteram ou alteram as formas de se apreender e representar a realidade social. Atentar para identidades racializadas e sexualizadas construídas no pensamento de autores referenciais é também um esforço de se pensar sobre as condições de possibilidade que fazem operar categorias e conceitos baseados na biologia e em uma lógica binária, que presidem narrativas dos séculos XIX e XX: natureza X cultura; passividade X resistência; benevolência X violência; atraso X progresso; degeneração X civilização. A espessura e a complexidade dessas imagens, bem como alguns de seus efeitos, desvelam o jogo de construções discursivas que nomeiam diferenças para instaurar assimetrias e reproduzir desigualdades sociais. Trata-se de uma oportunidade de se abordar a positividade de discursos considerados fundadores e a força das construções identitárias informadas por categorias que remetem à nacionalidade, à raça-etnia, ao sexo-gênero, em relação ao conjunto de regras que permitem formá-las como objetos do discurso e que constituem, assim, suas condições de aparecimento histórico

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