Reis Ventura, escritor e jornalista residente em Luanda nos anos 50-70 do século XX, redige obras de temática colonial, nomeadamente sobre a comunidade branca em Angola, numa visão eurocêntrica e lusotropical. No pós-independência de Angola, lança a obra Os dias da vergonha, que visa relatar os acontecimentos ocorridos desde a revolução de abril de 1974 até 11 de novembro de 1975. Mais de 40 anos depois do 25 de abril, Dulce Maria Cardoso recorda o “retorno” daquela mesma comunidade branca, no momento da descolonização. Haverá consonâncias entre estas memórias vividas apesar de atores sociais diferentes? Numa leitura das obras de Reis Ventura e Dulce Maria Cardoso, sob a ótica dos conceitos de memória e vestígio, entre o cânone e arquivo, “desmemória” ou esquecimento (Assmann 2016), indaga-se sobre a importância dos testemunhos para a construção da memória coletiva