Este artigo tem como objetivo analisar a história e a atualidade de duas categorias analíticas centrais para a análise sociológica: o espaço e o tempo. O tempo no capitalismo é debatido enquanto fenómeno presente no desenvolvimento das atividades produtivas, e, também, como elemento fundamental na racionalização do processo de produção. A dimensão social do controlo do tempo na sociedade capitalista é discutida sob a perspetiva da possível formação de uma nova norma temporal, diferenciada da construída no fordismo, que repercute nas relações de trabalho e sociais, bem como na vida privada. Toma-se como base a análise de tais configurações num trabalho de tipo novo, qual seja o realizado nas centrais de chamadas, conhecido no Brasil popularmente como telemarketing. A organização do trabalho em foco estabelece ritmos de trabalho e pressão hierárquica para o aumento da produtividade, conformando condições de trabalho degradadas. São resultados evidenciados em três pesquisas realizadas que retratam a evolução desse setor produtivo: nos anos 1990 a análise privilegiou as centrais de atendimento ainda instaladas no interior das empresas, cujo foco foi o setor bancário; nos anos 2000, frente a um significativo processo de terceirização dos serviços, visando redução de custos, ampliação da competitividade e criação de grandes call centers, estes foram investigados; no final dos anos 2000, uma nova prática de terceirização começa a instalar-se nos países periféricos e semiperiféricos e, portanto, o nosso objeto foi o trabalho concretizado nos call centers, a partir de então, também realizado noutro idioma. Todas as pesquisas foram de caráter qualitativo