Interactomas da PP1 como meio de caracterização de funções proteicas

Abstract

Doutoramento em BioquímicaA maioria das funções celulares, incluindo expressão de genes, crescimento e proliferação celulares, metabolismo, morfologia, motilidade, comunicação intercelular e apoptose, é regulada por interações proteína-proteína (IPP). A célula responde a uma variedade de estímulos, como tal a expressão de proteínas é um processo dinâmico e os complexos formados são constituídos transitoriamente mudando de acordo com o seu ciclo funcional, adicionalmente, muitas proteínas são expressas de uma forma dependente do tipo de célula. Em qualquer instante a célula pode conter cerca de centenas de milhares de IPPs binárias, e encontrar os companheiros de interação de uma proteína é um meio de inferir a sua função. Alterações em redes de IPP podem também fornecer informações acerca de mecanismos de doença. O método de identificação binário mais frequentemente usado é o sistema Dois Hibrido de Levedura, adaptado para rastreio em larga escala. Esta metodologia foi aqui usada para identificar os interactomas específicos de isoforma da Proteína Fosfatase 1 (PP1), em cérebro humano. A PP1 é uma proteína fosfatase de Ser/Thr envolvida numa grande variedade de vias e eventos celulares. É uma proteína conservada codificada por três genes, que originam as isoformas α, β, e γ, com a última a originar γ1 e γ2 por splicing alternativo. As diferentes isoformas da PP1 são reguladas pelos companheiros de interação – proteínas que interagem com a PP1 (PIPs). A natureza modular dos complexos da PP1, bem como a sua associação combinacional, gera um largo reportório de complexos reguladores e papéis em circuitos de sinalização celular. Os interactomas da PP1 específicos de isofoma, em cérebro, foram aqui descritos, com um total de 263 interações identificadas e integradas com os dados recolhidos de várias bases de dados de IPPs. Adicionalmente, duas PIPs foram selecionadas para uma caracterização mais aprofundada da interação: Taperina e Sinfilina-1A. A Taperina é uma proteína ainda pouco descrita, descoberta recentemente como sendo uma PIP. A sua interação com as diferentes isoformas da PP1 e localização celulares foram analisadas. Foi descoberto que a Taperina é clivada e que está presente no citoplasma, membrana e núcleo e que aumenta os níveis de PP1, em células HeLa. Na membrana ela co-localiza com a PP1 e a actina e uma forma mutada da Taperina, no motivo de ligação à PP1, está enriquecida no núcleo, juntamente com a actina. Mais, foi descoberto que a Taperina é expressa em testículo e localiza-se na região acrossómica da cabeça do espermatozoide, uma estrutura onde a PP1 e a actina estão também presentes. A Sinfilina-1A, uma isoforma da Sinfilina-1, é uma proteína com tendência para agregar e tóxica, envolvida na doença de Parkinson. Foi mostrado que a Sinfilina-1A liga às isoformas da PP1, por co-transformação em levedura, e que mutação do seu motivo de ligação à PP1 diminuiu significativamente a interação, num ensaio de overlay. Quando sobre-expressa em células Cos-7, a Sinfilina-1A formou corpos de inclusão onde a PP1 estava presente, no entanto a forma mutada da Sinfilina-1A também foi capaz de agregar, indicando que a formação de inclusões não foi dependente de ligação à PP1. Este trabalho dá uma nova perspetiva dos interactomas da PP1, incluindo a identificação de dezenas de companheiros de ligação específicos de isoforma, e enfatiza a importância das PIPs, não apenas na compreensão das funções celulares da PP1 mas também, como alvos de intervenção terapêutica.Most of the crucial functions in the cell, including gene expression, cell growth and proliferation, metabolism, morphology, motility, intercellular communication and apoptosis, are regulated by protein-protein interactions (PPIs). Cells respond to a variety of stimuli, thus protein expression is a dynamic process and the complexes formed are transiently assembled and change during their functional cycle; additionally, many proteins are expressed in a cell type-dependent manner. At any time, cell may contain about hundreds of thousands of binary PPIs, and finding interaction partners of a certain protein it’s a mean of discovering its function. Changes in PPIs networks may also provide information about disease mechanisms. The most frequently used binary identification method is the Yeast Two Hybrid system, adapted to high-throughput screening. This approach was here used in order to identify the Protein Phosphatase 1 (PP1) isoform specific interactomes, in the human brain. PP1 is a Ser/Thr protein phosphatase involved in a large variety of cellular pathways and events. It is a conserved protein codified by three genes giving rise to the α, β and γ isoforms, with the last originating γ1 and γ2 by alternative splicing. PP1 isoforms are regulated by the binding partners – PP1 interacting proteins (PIPs). The modular nature of the PP1 complexes, as well as their combinational assembly, generates a large repertoire of regulatory complexes and roles in signaling circuits. The human brain isoform specific interactomes of PP1 were here described, with a total of 263 interactions identified and integrated with the data collected from several PPIs databases. Also, two PIPs were selected for further characterization of the interaction: Taperin and Synphilin-1A. Taperin is a poorly described protein, recently found to be a PIP. Its interaction with PP1 different isoforms and localization in the cell was analyzed. Taperin was found to be cleaved and to be present in the cytoplasm, membrane and nucleus and to increase the levels of PP1, in HeLa cells. In the membrane it co-localizes with PP1 and actin and a mutant form of Taperin, in the PP1 binding motif, is enrich in the nucleus together with actin. Moreover, Taperin was found to be expressed in testis and to localize in the acrossome region of the sperm head, a structure where PP1 and actin are also present. Synphilin-1A, an isoform of Synphilin-1, is an aggregation prone and toxic protein involved in Parkinson`s Disease. Synphilin-1A was shown to bind PP1 isoforms, by yeast co-transformation, and mutation of its PP1 binding motif decrease significantly the interaction in an overlay assay. When overexpressed in Cos-7 cells, synphilin-1A formed inclusion bodies where PP1 was present, but the mutated form of Synphilin-1A was also able to aggregate indicating that inclusions formation was not dependent on PP1 binding. This work gives a new perspective of PP1 interactomes, including the identification of dozens of isoform specific binding partners, and emphasizes the importance of PIPs, not only in the understanding of PP1 physiological functions but also, as targets for therapeutic interventions

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