Pesquisa de infecção por Rickettsia spp. em javalis (Sus scrofa), cães de caça e seres humanos controladores de javalis no bioma Mata Atlântica, região dos Campos Gerais - Paraná, Brasil

Abstract

Orientador: Prof. Dr. Alexander Welker BiondoCoorientador: Prof. Dr. Felipe da Silva KrawczakTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular. Defesa : Curitiba, 22/05/2019Inclui referênciasResumo: As bactérias do gênero Rickettsia são responsáveis por doenças em humanos e animais ao redor do mundo, no entanto, poucos detalhes estão disponíveis sobre sua ecologia e circulação entre animais selvagens e populações humanas de alto risco de transmissão no Brasil. O objetivo do presente estudo foi investigar a ocorrência de carrapatos e Rickettsia spp. em javalis, cães de caça e seres humanos controladores de javalis. Amostras de soro e carrapatos foram coletadas em 80 javalis selvagens, 170 cães de caça e 34 controladores de javalis nas regiões sul e centro-oeste do Brasil, nos biomas Mata Atlântica e Cerrado, respectivamente, entre 2016 e 2018. As amostras de soro foram testadas por Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) para detectar anticorpos IgG para os antígenos Rickettsia rickettsii, Rickettsia parkeri, Rickettsia bellii, Rickettsia rhipicephali e Rickettsia amblyommatis. As espécies de carrapatos foram identificadas taxonomicamente, como descrito anteriormente. Um total de 164 carrapatos, incluindo Amblyomma sculptum, Amblyomma brasiliense e Amblyomma aureolatum foram testados em ensaios de PCR para o Rickettsia spp do Grupo Febre Maculosa. Um total de 58/80 (72,5%) javalis, 24/170 (14,1%) cães de caça e 5/34 (14,7%) controladores de javalis foram positivos (títulos > 64) para pelo menos uma espécie de Rickettsia spp. Um total de 669/1.584 (42,2%) carrapatos de javalis foram identificados como Amblyomma sculptum, 910/1.584 (57,4%) como Amblyomma brasiliense, 4/1.584 (0,24%) larvas de Amblyomma spp. e 1/1,584 (0,06%) como ninfa de Amblyomma dubitatum. Todos os 9 carrapatos encontrados em cães de caça foram identificados como Amblyomma aureolatum e os 22 carrapatos encontrados em seres humanos controladores de javalis, como A. sculptum. Nenhum carrapato testado foi positivo a Reação em Cadeia de Polimerase convencional para Rickettsia spp. O presente estudo foi o primeiro relato concomitante de exposição a Rickettsia spp. em javalis, cães de caça e seres humanos controladores de javalis em dois diferentes biomas brasileiros. O controle populacional do javali pode aumentar o risco de exposição humana e, consequentemente, a doença transmitida por carrapatos. Os javalis podem estar carregando e espalhando carrapatos de capivaras de seus habitats originais para outros ecossistemas. Novos estudos podem ser necessários para explorar a habilidade de javalis em infectar carrapatos e fazer parte do ciclo de transmissão de Rickettsia spp. Palavras-chave: Febre Maculosa Brasileira, cães de caça, javalis, caçadores, Amblyomma sculptum, Amblyomma brasiliense, Amblyomma aureolatum.Abstract: Rickettsia bacteria are responsible for diseases in humans and animals around the world, however few details are available regarding its ecology and circulation among wild animals and human populations at high transmission risk in Brazil. The aim of this study was to investigate the occurrence of ticks and Rickettsia spp. in wild boars, corresponding hunting dogs and hunters. Serum samples and ticks were collected from 80 free-range wild boars, 170 hunting dogs and 34 hunters from southern and central-western Brazil, from the Atlantic Forest and Cerrado biomes, respectively, between 2016 and 2018. Serum samples were tested by indirect immunofluorescent-antibody assay (IFA) to detect IgG antibodies against Rickettsia rickettsii, Rickettsia parkeri, Rickettsia bellii, Rickettsia rhipicephali and Rickettsia amblyommatis. Tick species were identified by morphological taxonomic keys, as previously described. A total of 164 ticks including A. sculptum, A. brasiliense and A. aureolatum were tested in PCR assays for Spotted Fever Group (SFG) Rickettsia spp. A total of 58/80 (72.5%) wild boars, 24/170 (14.1%) hunting dogs and 5/34 (14.7%) hunters were positive (titers > 64) to at least one Rickettsia species. A total of 669/1,584 (42.2%) ticks from wild boars were identified as Amblyomma sculptum, 910/1,584 (57.4%) as Amblyomma brasiliense, 4/1,584(0.24%) larvae of Amblyomma spp. and 1/1,584 (0.06%) nymph as Amblyolmma dubitatum. All 9 ticks found on hunting dogs were identified as Amblyomma aureolatum and all 22 ticks on hunters as A. sculptum. No tested tick was positive by standard PCR to SFG Rickettsia spp. The present study was the concomitant report of wild boar, hunting dog and hunter exposure to SFG rickettsiae agents, performed in two different Brazilian biomes. Wild boar hunting may increase the risk of human exposure and consequently tick-borne disease Wild boars may be carrying and spreading capybara ticks from their original habitats to other ecosystems. Further studies can be required to explore the ability of wild boars to infecting ticks and be part of transmission cycle of Rickettsia spp. Key-words: Brazilian Spotted Fever, hunting dogs, wild boar, hunters, Amblyomma sculptum, Amblyomma brasiliense, Amblyomma aureolatum

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