Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto
Abstract
O presente trabalho propõe uma reflexão sobre as noções de identidade e narrativa pessoal, tópicos que se encontram estreitamente relacionados com a capacidade de auto-representação de um sujeito. Tendo em conta que a auto-representação é necessariamente elaborada a partir de processos de rememoração, a questão da memória enquanto elemento que directamente influencia a formação identitária torna-se num tópico emergente. Com este objectivo em mente, sublinharei a importância da noção de continuidade biográfica, da capacidade de elaboração de uma narrativa pessoal, enquanto prerrogativa essencial para que o sujeito alcance um sentido de coerência e coesão identitárias. Por outro lado, argumentarei que não serão apenas as memórias resultantes da experiência do sujeito a contribuir para o processo da sua formação identitária; no caso concreto das gerações pós-Holocausto, as narrativas recebidas do passado, memórias transmitidas quer de forma simbólica, quer através dos elementos mais velhos do grupo – o que entretanto designamos de “pós-memória” – também influenciam o mapa identitário de um sujeito. Este enquadramento teórico será ilustrado com base no romance Paul Schatz im Uhrenkasten, do escritor alemão de segunda-geração Jan Koneffke