Mestrado em Psicologia - Psicologia Clínica e da SaúdeA demência constitui um problema médico e social em crescimento, com um
impacto devastador sobre as pessoas afectadas e seus respectivos
familiares/cuidadores. Com efeito, o conhecimento da relação entre a
escolaridade, as actividades profissionais, as actividades de lazer e o quadro
demencial pode ser de extrema importância para o processo de diagnóstico
precoce preventivo.
Neste trabalho, através de um design transversal, apresenta-se uma
investigação empírica com 61 idosos, 23 com diagnóstico clínico de demência
e 38 sem diagnóstico clínico de demência, em que se procurou avaliar os
principais efeitos da escolaridade, das ocupações profissionais e do lazer no
desenvolvimento de demências. Este estudo contempla apenas um momento
de avaliação, tendo sido a informação recolhida a partir dos instrumentos de
avaliação seleccionados para o efeito: Exame do Estado Mental (Mini Mental
State Exam – MMSE; Folstein, Folstein, & McHugh, 1975; versão portuguesa:
Guerreiro et al., 1994); Escala de Avaliação Clínica da Demência (Clinical
Dementia Rating – CDR; Morris, 1993; versão portuguesa: Garrett et al., 2008).
Dos nossos resultados, destacaríamos que: (a) existe uma relação significativa
entre a escolaridade e o desenvolvimento de demências; (b) verifica-se a
existência de uma relação significativa entre as ocupações profissionais e o
desenvolvimento de um quadro demencial, em que o grau de demência é
menor para os especialistas das profissões intelectuais e científicas; (c) as
actividades de lazer parecem ser um factor de protecção no desenvolvimento
de demências e (d) apenas o lazer surge como variável preditora, no entanto,
as restantes variáveis parecem influenciar o surgimento de um quadro
demencial, uma vez que aumentam a qualidade do ajustamento do modelo
logístico, pelo que funcionam como variáveis latentes.
A interpretação dos resultados, bem como as possíveis implicações destes em
termos de prevenção e intervenção, são discutidos à luz da literatura relevante.Dementia is a growing medical and social problem with a devastating impact on
the people affected and their respective families/care-takers. Therefore, having
knowledge of the relationship between levels of education, professional
activities and leisure activities with the dementia framework may be of extreme
importance in early preventative diagnosis. In this project, by means of a
transversal design, an empirical study was carried out to evaluate the principal
effects of levels of education, professional occupations and leisure in dementia
development. The research included the participation of 61 elderly persons, 23
clinically diagnosed with dementia and 38 without a clinical diagnosis of
dementia. This research takes into consideration one moment of the
evaluation; the information having been gathered using evaluation instruments
selected to this effect: Exame do Estado Mental (Mini Mental State Exam –
MMSE; Folstein, Folstein, & McHugh, 1975; versão portuguesa: Guerreiro et
al., 1994); Escala de Avaliação Clínica da Demência (Clinical Dementia Rating
– CDR; Morris, 1993; versão portuguesa: Garrett et al., 2008).
From the results, it is highlighted that: (a) there exists a significant correlation
between the level of education and dementia development; (b) there exists a
significant correlation between professional occupation and the dementia
development framework in which the degree of dementia is less for individuals
who are specialists in intellectual or scientific professions; (c) leisure activities
seem to be a protection factor in the development of dementia; and (d) only
leisure emerges as a predictor variable. However, the remaining variables
seem to influence the appearance of dementia, being that they increase the
adaptation quality of the logistic model, and therefore function as latent
variables.
The interpretation of the results, as well as their possible implications with
regard to prevention and treatment, are discussed in light of the relevant
literature