Doutoramento em DesignA ilustração como expressão, cumprindo o desígnio de comunicar visualmente,
é reveladora de um modo específico de processo e pensamento. E pelo facto
desse modo se constituir a partir do sentido implícito (do que não é dito),
exigindo para se manifestar a participação cognitiva e afectiva do ilustrador,
revela marcas de subjectividade e de poética portadoras de soluções
narrativas, gráficas e plásticas originais. Essa transmutação entre as
linguagens verbal e visual está impregnada de experiências, memórias e
conhecimento; de tudo aquilo, enfim, que pelo corpo é percebido e sentido. Por
isso se entende que configura, necessariamente, algo novo, já que não
existem dois seres organicamente iguais.
Tem-se como objectivo desta tese, reflectir sobre a ilustração ficcional
enquanto construção de um autor na interpretação do texto de um outro,
querendo, deste modo, contribuir para a afirmação do que é hoje a ilustração.
Pretende-se, neste percurso, compreender os desígnios que cumpre a
ilustração na actualidade e explicar o seu protagonismo no contexto presente
do design de comunicação; quer-se ainda evidenciar que a prática da
ilustração contamina ou influencia a prática do projecto de design; e que, por
seu lado, a prática do projecto de design confere um entendimento distinto à
prática da ilustração.
As ilustrações que serão aqui objecto de estudo, são aquelas que manifestam
um processo em cuja génese está a interpretação e o sentido que o seu autor
atribui ao programa, e que se identificam, por isso, como próximas do projecto
de design. O trabalho prático desenvolve-se pela selecção de autores que
correspondem a esses pressupostos, pela sua entrevista e pela apresentação
de projectos da sua autoria que justificam e reforçam a perspectiva teórica. Do
confronto entre as respostas e os artefactos produzidos, conclui-se que a
ilustração é, na singularidade do seu pensamento e enquanto recurso
expressivo, configuradora de inovação semântica para o projecto de design de
comunicação.As a form of expression and in fulfilling the purpose of communicating
visually, illustration is indicative of a specific mode of thought and process.
And because this mode is constructed from implicit meaning (of what is not
said), requiring the cognitive and affective involvement of the illustrator,
it bears marks of subjectivity and poetics that hold original narrative, graphic
and artistic solutions. This transmutation between verbal and visual language
is impregnated with experiences, memories and knowledge; of everything,
in short, that the body feels and perceives. Therefore we suppose that
illustration necessarily configures something new, since two organically
identical beings do not exist.
The main aim of this thesis is to reflect on fictional illustration as the
construction of an author in the interpretation of text, trying thus to contribute
to the definition of what illustration now is. Using this approach, we intend to
understand the purpose of illustration at present and to explain its role in this
context of communication design; we also want to show that the practice of
illustration shapes and influences the design project in practice, and in turn,
the design project gives a distinct understanding to the practice of illustration.
The illustrations that will be the subject of study are those that express a
process in which origin is the interpretation and the meaning that the author
attributes to the brief, and which we identify, therefore, as being close to the
design project. The practical component is developed by the selection and
analysis of a case study of illustration that underlies and reinforces the
theoretical perspective, and by interviews of the projects authors.
The comparison between these responses and the analysis of media, suggests
that illustration is as expressive feature, able to configure semantic innovation
for the communication design project.PRODE