Mestrado em Geriatria e GerontologiaA enfermagem, enquanto profissão e ciência, tem ao longo da última década,
desenvolvido inúmeros estudos que lhe permitem acompanhar a evolução
social e incorporar os avanços científicos e tecnológicos em áreas afins. Uma
das mudanças sociais, com grandes implicações na enfermagem, que tem
vindo a ser estudada, é o atendimento (relação) com uma clientela específica,
cada vez mais idosa.
A compreensão do universo dos cuidados a idosos, tanto por quem os presta
(enfermeiros), como por quem os recebe (idosos), constitui um campo de
investigação, com implicações no exercício da profissão e na formação, que se
insere num sistema de crenças e de valores. Os cuidados de enfermagem
estão, inevitavelmente, envoltos por concepções, crenças e valores, existentes
em quem os presta – enfermeiros – e em quem os recebe – por exemplo, os
idosos. As crenças e valores, de cada parte, interagem e reflectem-se em
atitudes e comportamentos.
Na enfermagem reconhece-se que os comportamentos e atitudes são uma
pedra angular da profissão, influenciados pelo território institucional e pelo
sistema de hábitos e valores tecnológicos, económicos, sociais e, até, jurídicos
que o meio institucional segrega e gere. Os idosos constituem um dos grupos
populacionais que mais recorre aos cuidados de enfermagem. Os seus valores
e crenças sobre os enfermeiros, os cuidados de saúde, as doenças, acabam
por determinar as atitudes que terão em relação aos cuidados que lhe são
prestados.
Quando enfermeiros e idosos se encontram numa relação de cuidados
estabelecem uma relação, em que os valores e as crenças de cada uma das
partes se vai combinar nos valores e crenças que envolvem a relação que
estabelecem. Torna-se, então, relevante estudar os valores e crenças
existentes na relação entre enfermeiros e idosos, e como esses aspectos
podem estar a envolver a interacção em aspectos positivos ou negativos.
Para atingir estes objectivos utilizou-se a técnica dos incidentes críticos,
solicitando aos inquiridos o relato de um episódio/evento (positivo ou negativo),
envolvendo enfermeiros e idosos/adultos. A amostra é composta por três
subgrupos: 30 idosos, 30 adultos e 30 enfermeiros. Os dados foram analisados
através da análise de conteúdo.
Os principais resultados do estudo indicam que tanto os idosos, como os
adultos perspectivam a enfermagem de acordo com a definição e funções que
teórica e legalmente lhe é atribuída, podendo assim argumentar que existe
consistência social entre o que é a enfermagem e o que as pessoas esperam
dos profissionais de enfermagem. Neste trabalho, as vertentes técnicas e
relacionais, resumem as principais funções dos enfermeiros, na sua
perspectiva conceptual e legal. Da análise das categorias emergentes verificase
que os envolvidos na relação (enfermeiros e idosos) tendem a centrar a sua
postura no outro.
Assim, cada um acha que a “boa ou má” relação deriva da postura do outro,
não colocando a sua postura em causa ou, talvez, assumindo que é a correcta.
Os enfermeiros parecem ter uma visão pouco técnica do seu papel junto dos
idosos, dando maior relevância a vertente humana (relacional). O enfermeiro
dá mais importância à vertente relacional, contudo mais centrada no
comportamento do outro (idoso ou família do idoso), do que no seu
comportamento (apenas a categoria “o enfermeiro sente que ajudou o idoso”).
Neste estudo, verifica-se ainda uma complementaridade de objectivos e/ou
expectativas fundamentais numa relação: o idoso quer ser ajudado e o
enfermeiro quer ajudar.
É de salientar a importância que a competência na relação de ajuda assume
para idosos e adultos, em ambos os sexos, apesar de haver uma maior
valorização por parte dos idosos.
A indisponibilidade também é valorizada por idosos e adultos, por norma
devido ao pouco tempo dispensado aos utentes e pela demora, acabando por
ter um impacto quer na prestação técnica de cuidados, quer na relação de
ajuda.
Os resultados desta pesquisa terão impacto em: alterar e optimizar padrões de
actuação dos enfermeiros, no sentido de melhorar a prestação de cuidados ao
indivíduo idoso, família e comunidade; nesta sequência, poder-se-á esperar
maior satisfação em relação aos cuidados de saúde, tanto por quem os presta
(enfermeiros), como por que os recebe (idosos). As implicações deste estudo
são relevantes, ainda, ao nível da formação em enfermagem, pois permitem
perceber como os valores estão a influenciar o seu desempenho profissional.
ABSTRACT: A enfermagem, enquanto profissão e ciência, tem ao longo da última década,
desenvolvido inúmeros estudos que lhe permitem acompanhar a evolução
social e incorporar os avanços científicos e tecnológicos em áreas afins. Uma
das mudanças sociais, com grandes implicações na enfermagem, que tem
vindo a ser estudada, é o atendimento (relação) com uma clientela específica,
cada vez mais idosa.
A compreensão do universo dos cuidados a idosos, tanto por quem os presta
(enfermeiros), como por quem os recebe (idosos), constitui um campo de
investigação, com implicações no exercício da profissão e na formação, que se
insere num sistema de crenças e de valores. Os cuidados de enfermagem
estão, inevitavelmente, envoltos por concepções, crenças e valores, existentes
em quem os presta – enfermeiros – e em quem os recebe – por exemplo, os
idosos. As crenças e valores, de cada parte, interagem e reflectem-se em
atitudes e comportamentos.
Na enfermagem reconhece-se que os comportamentos e atitudes são uma
pedra angular da profissão, influenciados pelo território institucional e pelo
sistema de hábitos e valores tecnológicos, económicos, sociais e, até, jurídicos
que o meio institucional segrega e gere. Os idosos constituem um dos grupos
populacionais que mais recorre aos cuidados de enfermagem. Os seus valores
e crenças sobre os enfermeiros, os cuidados de saúde, as doenças, acabam
por determinar as atitudes que terão em relação aos cuidados que lhe são
prestados.
Quando enfermeiros e idosos se encontram numa relação de cuidados
estabelecem uma relação, em que os valores e as crenças de cada uma das
partes se vai combinar nos valores e crenças que envolvem a relação que
estabelecem. Torna-se, então, relevante estudar os valores e crenças
existentes na relação entre enfermeiros e idosos, e como esses aspectos
podem estar a envolver a interacção em aspectos positivos ou negativos.
Para atingir estes objectivos utilizou-se a técnica dos incidentes críticos,
solicitando aos inquiridos o relato de um episódio/evento (positivo ou negativo),
envolvendo enfermeiros e idosos/adultos. A amostra é composta por três
subgrupos: 30 idosos, 30 adultos e 30 enfermeiros. Os dados foram analisados
através da análise de conteúdo.
Os principais resultados do estudo indicam que tanto os idosos, como os
adultos perspectivam a enfermagem de acordo com a definição e funções que
teórica e legalmente lhe é atribuída, podendo assim argumentar que existe
consistência social entre o que é a enfermagem e o que as pessoas esperam
dos profissionais de enfermagem. Neste trabalho, as vertentes técnicas e
relacionais, resumem as principais funções dos enfermeiros, na sua
perspectiva conceptual e legal. Da análise das categorias emergentes verificase
que os envolvidos na relação (enfermeiros e idosos) tendem a centrar a sua
postura no outro.
Assim, cada um acha que a “boa ou má” relação deriva da postura do outro,
não colocando a sua postura em causa ou, talvez, assumindo que é a correcta.
Os enfermeiros parecem ter uma visão pouco técnica do seu papel junto dos
idosos, dando maior relevância a vertente humana (relacional). O enfermeiro
dá mais importância à vertente relacional, contudo mais centrada no
comportamento do outro (idoso ou família do idoso), do que no seu
comportamento (apenas a categoria “o enfermeiro sente que ajudou o idoso”).
Neste estudo, verifica-se ainda uma complementaridade de objectivos e/ou
expectativas fundamentais numa relação: o idoso quer ser ajudado e o
enfermeiro quer ajudar.
É de salientar a importância que a competência na relação de ajuda assume
para idosos e adultos, em ambos os sexos, apesar de haver uma maior
valorização por parte dos idosos.
A indisponibilidade também é valorizada por idosos e adultos, por norma
devido ao pouco tempo dispensado aos utentes e pela demora, acabando por
ter um impacto quer na prestação técnica de cuidados, quer na relação de
ajuda.
Os resultados desta pesquisa terão impacto em: alterar e optimizar padrões de
actuação dos enfermeiros, no sentido de melhorar a prestação de cuidados ao
indivíduo idoso, família e comunidade; nesta sequência, poder-se-á esperar
maior satisfação em relação aos cuidados de saúde, tanto por quem os presta
(enfermeiros), como por que os recebe (idosos). As implicações deste estudo
são relevantes, ainda, ao nível da formação em enfermagem, pois permitem
perceber como os valores estão a influenciar o seu desempenho profissional