No período de 1980 a 1984, foi conduzida, em Londrina, PR, uma serie de cinco experimentos, objetivando quantificar o efeito de diferentes populações de percevejos sobre o rendimento e seus componentes, as características agronômicas e a qualidade da semente de soja. A cultivar utilizada foi a UFV-1, por sua característica de ciclo longo, constando o experimento de seis tratamentos que previam a aplicação de endosulfan (525 g i.a./ha) quando a população de ninfas grandes e adultos de percevejos (Nezara viridula, Piezodorus guildinii e Euschistus heros) atingisse 1, 2, 4 ou 6 exemplares por metro de linha. Adicionalmente, havia um tratamento com aplicação de inseticida em caráter preventivo, de forma a impedir o surgimento de percevejos nestas parcelas, e um tratamento sem controle, permitindo o estabelecimento de uma população natural destes pentatomideos. As amostragens dos percevejos foram semanais, ou mais frequentes quando próximo ao pico populacional, através do método do pano, com cinco amostras por parcela. Os resultados indicaram não haver redução da produção com populações de ate quatro percevejos por metro, e deduzidos os custos de controle, qualquer população de percevejos propiciou uma produção liquida superior ao controle preventivo, assim como evidenciou não haver diferenças entre as populações de percevejos no tocante a produção liquida. Não foram constatados efeitos deleterios de importância sobre as características agronômicas, porem o aumento da população de percevejos conduziu a um menor numero de vagens, sementes e sementes por vagem, ao passo que o peso da semente não foi afetado. Ate o nível de quatro percevejos por metro, o poder germinativo da semente manteve-se acima de 80%, porem, neste nível, observou-se redução do vigor da semente. O ataque de percevejos provocou uma redução no teor de óleo e um aumento no teor de proteína sem, no entanto, afetar significativamente os componentes destas frações. Apos oito aplicações de endosulfan na dose de 525 g i.a./ha, não foram constatados resíduos acima do permitido pela legislação brasileira. Os resultados alcançados permitem concluir haver grande margem de segurança nas atuais recomendações do Programa de Manejo de Pragas, as quais se situam muito baixo das populações de percevejos que possam ocasionar queda de produção ou da qualidade da semente.bitstream/item/69810/1/Boletim-de-pesquisa-1.pd