Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Doi
Abstract
INTRODUÇÃO: Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), mais conhecidos como lixo, constituem uma preocupação ambiental mundial, especialmente em grandes centros urbanos de países subdesenvolvidos. Pouco se conhece sobre as repercussões da disposição desses resíduos a céu aberto na saúde humana e das práticas sanitárias da população em relação a eles. A geração de RSU, proporcional ao crescimento populacional, suscita uma maior demanda por serviços de coleta pública e esses resíduos, se não coletados e tratados adequadamente, provocam degradação ambiental, além de efeitos diretos e indiretos na saúde. Os fatores que influenciam a produção de resíduos sólidos são nível de vida da população; clima e estação do ano; modo de vida e hábitos da população; novos métodos de embalagem e comercialização de produtos; tipo de urbanização e características econômicas da região; eficiência do serviço de recolha (BRASIL, 1999; CASTRO, 2000). No que diz respeito à saúde e a produção de lixos, as famílias de crianças com necessidades de uso contínuo de medicamentos no domicílio implementam a terapia medicamentosa segundo orientação de profissionais de saúde (CABRAL et al., 2004). Entre as crianças envolvidas com a problemática da terapia medicamentosa de uso continuo, destacam-se aquelas em tratamento do Diabetes tipo 1 por insulinoterapia. Entretanto, pouco se sabe sobre como essas famílias manipulam e descartam os resíduos provenientes da terapia medicamentosa, a exemplo das crianças que fazem uso dos medicamentos e da tecnologia proveniente da insulinoterapia. O RSU (lixo) gerado pelo medicamento de uso continuo por crianças em insulinoterapia deveria receber classificação especial em relação ao seu descarte no ambiente, uma vez que são apresentados em embalagens plásticas, de vidro, invólucros de metal e borracha. Aliado a isso, esses materiais possuem componentes intrínsecos a sua administração como seringas, agulhas e lancetas na forma de canetas que oferecem risco de acidente biológico e contaminação ambiental. Particularmente, aqueles originados das casas, cujo descarte se dá diretamente em contêineres localizados no meio urbano. O que se observa, a partir de conversas cotidianas é que esses medicamentos são descartados nas cestas e latas de lixo comum dentro de casa. A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1977) define, de forma abrangente, a utilização de medicamentos como a comercialização, distribuição, prescrição e uso de medicamentos em uma sociedade, com ênfase especial sobre as consequências médicas, sociais e econômicas resultantes. Entretanto, consideram-se também os problemas ambientais decorrentes dos resíduos que estes medicamentos geram provocando sério impacto no meio ambiente. Estar sensível para essas questões implica em uma resignificação do conceito de medicamento como lixo comum, quando usado no ambiente domiciliar. OBJETIVOS: Identificar nas fotografias publicadas em mídias virtuais os modos de descarte urbano de resíduos da insulinoterapia no ambiente; Analisar nas imagens fotográficas a (in)adequação do descarte de resíduos de medicamentos no ambiente. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa qualitativa desenvolvida segundo o método de análise de imagens paradas de acordo com Joly (1996) e Penn (2002). O método favoreceu a análise do registro da realidade da poluição ambiental causada pelo descarte de resíduos sólidos urbanos do tipo medicamento no ambiente. A análise foi dirigida para o levantamento de temas e de conteúdo cientifico objeto de inclusão em um material educativo. Considerou-se para tanto, necessidade de uma educação ambiental focalizada no microambiente domiciliar e a compreensão da importância de se promover a restauração ecológica como defendido por Marck (2005). Sete (07) imagens foram selecionadas da mídia virtual, em páginas de internet, como Blogs e endereços que tratavam do assunto, cuja busca se deu no site Google® imagens. RESULTADOS: A análise das imagens apontou para problemas como a maneira como o medicamento é exposto nos lixões podendo facilitar o acesso e até mesmo o reuso por outrem; a mistura do medicamento com o lixo orgânico; além do risco do frasco ampola de vidro quebrar causando um acidente perfuro-cortante; o risco de contaminação dos manipuladores do lixo (catadores e funcionários da limpeza pública) e das crianças que brincam nas áreas adjacentes. Além disso, estes resíduos podem contribuir para a contaminação do solo e lençol freático, propiciando a contaminação de poços e rios favorecendo a degradação ambiental. Os medicamentos podem ser encontrados em sua totalidade, com volume e apresentação inalterados ou prazo de validade vencida, como também na forma de resíduos, onde são utilizados indiscriminadamente e descartados junto com o lixo comum. Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº. 9.795, de 27 de abril de 1999, entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999). A ausência de educação ambiental afeta diretamente a população que convive com a realidade dos lixões nos centros urbanos e as pessoas que sobrevivem como catadores de lixo, além da poluição ambiental causada pelo descarte de resíduos em áreas desprovidas de saneamento básico oferecendo risco para enchentes e proliferação de doenças. CONCLUSÕES: É dever da sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais, além da produção e divulgação de material educativo. A problemática do descarte de medicamentos e resíduos no ambiente ressalta a necessidade de um material educativo sobre manejo de medicamentos, que contribua para o descarte consciente dos medicamentos e resíduos, a resignificação do conceito de medicamento como lixo comum e a preservação do meio ambiente, além de facilitar a promoção de uma consciência ambiental individual e coletiva. REFERÊNCIAS: CABRAL, I.E.; Silva, J.J.; Zillmann, D.O.; Moraes, J.R.; Rodrigues, E.C.; A criança egressa da terapia intensiva na luta pela sobrevida. Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2004. jan/fev;57(1):35-9. CASTRO, C.G.S.O. Estudos de Utilização de Medicamentos: Noções Básicas. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2000. MARCK, P.B.; Cassiani, S.H.B.; Teorizando sobre sistemas: Uma tarefa ecológica para as pesquisas na área de segurança do paciente. Rev. Latino-am de Enf: 2005. Setembro-outubro; 13(5):750-3. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas da Saúde. Departamento de Formulação de Políticas de Saúde. Política Nacional de Medicamentos. Brasília, 1999. 39 p. JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Campinas: S.P.: Papirus, 1996. BAUER, M.W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis, RJ: Vozes; 2002. WORLD HEALTH ORGANIZATION/WHO EXPECT COMMITTEE ON THE SELECTIONOG ESSENTIAL DRUGS. The selection of essential drugs: first report of the WHO Expect Committee. Genebra: WHO, 1977. (Technical Report Series nº 615). BRASIL. Lei nº. 9.795, de 27 de abril de 1999, “Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências”, publicada no DOU de 28/04/99