Padrão de consumo de bebidas alcóolicas e sua associação com hipertensão arterial sistêmica em indivíduos infectados pelo HIV

Abstract

A AIDS afeta em torno de 34 milhões de pessoas no mundo. Conforme estimativas da UNAIDS, em 2007, 0.8% adultos entre 15-49 anos eram infectados pelo HIV. No Brasil, entre 1980-2011 foram notificados 608.230 casos de AIDS. No RS neste mesmo período foram 60512 casos, com uma taxa de incidência de 38/100.000. O consumo de bebidas alcoólicas também é prevalente na população geral variando de 12,3 a 65,8% a sua prevalência. Em pessoas Infectadas pelo HIV estas prevalências chegam a variar de 19 a 67 %. Além do consumo usual encontra-se como importante problema de saúde pública o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, com prevalências que variam de 0,5 a 18% na população geral e em populações de infectados 8 a 35%. O consumo abusivo de bebidas alcoólicas tem sido frequentemente associado à Hipertensão Arterial Sistêmica, que por sua vez é um dos mais importantes fatores de risco para doença cardiovascular. A prevalência de hipertensão arterial sistêmica em indivíduos infectados pelo HIV é variada, associada a fatores de risco clássicos, ao consumo de bebidas alcoólicas e a fatores relacionados a infecção pelo HIV, incluindo terapia antirretroviral. Nesta tese apresentamos dois artigos: Artigo 1: Foi avaliado o padrão de consumo e determinada a prevalência de abuso de bebidas alcoólicas em indivíduos infectados pelo HIV e comparado o padrão de consumo de bebidas alcoólicas de indivíduos infectados pelo HIV com a população geral Foram analisados e comparados dois estudos transversais originais. Foram encontradas prevalências de consumo usual de bebidas alcoólicas de 66,6% na população de pacientes infectados pelo HIV. O consumo abusivo entre os bebedores correntes foi de 8,4% entre os infectados e 16,7% na população geral, sendo esta diferença estatisticamente significativa. Conclui-se que a prevalência de consumo de bebidas alcoólicas entre indivíduos infectados pelo HIV é alta e semelhante a da população geral e a prevalência de abuso é menor que a população geral e associada de forma inversa e independente com educação. Artigo 2: Avaliamos a prevalência de hipertensão, os fatores de risco associados e a associação de hipertensão com os padrões de consumo de bebidas alcoólicas conforme a cor da pele em indivíduos infectados pelo HIV. Realizado um estudo transversal, onde foram incluídos 1240 pacientes infectados pelo HIV atendidos em um ambulatório de referência. Conclui-se que o abuso de bebidas alcoólicas está associado com HAS em indivíduos infectados pelo HIV e essa associação é significativa para brancos e não brancos. O consumo abusivo também foi associado com aumento das pressões sistólica e diastólica apenas entre os não brancos.Não houve associação entre HAS e variáveis associadas ao HIV Concluindo, estes dois artigos apresentam a prevalência de consumo de bebidas alcoólicas e do padrão de consumo abusivo entre indivíduos infectados pelo HIV, bem como compara este consumo com o observado na população geral. Apresentou-se também a associação entre consumo abusivo e hipertensão arterial estratificado para a cor da pele. Observa-se que, apesar da doença, a população estudada mantém uma alta prevalência de consumo de bebidas alcoólicas, o padrão de consumo abusivo, apesar de menor que na população em geral, também foi encontrado. Observou-se a associação do consumo abusivo com hipertensão arterial sistêmica, sendo o efeito no aumento da pressão maior entre os indivíduos não brancos. Considerando que a hipertensão é um importante fator de risco cardiovascular e que existem evidências de sua associação com o consumo abusivo de bebidas alcoólicas na população estudada; este estudo contribui para reforçar a recomendação de diminuição deste consumo. Sugere-se como importante a avaliação rotineira do padrão de consumo de bebidas alcoólicas na assistência às pessoas infectadas pelo HIV

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