O hiperadrenocorticismo (HAC) é uma das endocrinopatias mais comumente atendidas na rotina clínica de cães. O hipercortisolismo pode causar alterações multissistêmicas e o acompanhamento de parâmetros clínicos e laboratoriais, além do controle de comorbidades, são importantes para uma abordagem terapêutica ideal. Dentre as complicações sistêmicas que afetam o sistema cardiovascular, destacam-se a hipertensão arterial e a hipertrofia miocárdica, no entanto, a fisiopatologia destas alterações ainda não é totalmente esclarecida. Este estudo prospectivo gerou dois artigos e teve como principal objetivo avaliar parâmetros cardiovasculares, hematológicos, bioquímicos e de estresse oxidativo em cães com HAC espontâneo. Além de investigar a correlação do estresse oxidativo aos achados cardiovasculares, o estudo visou ainda avaliar a influência dos parâmetros analisados e da presença da degeneração valvar mitral (DVM) como comorbidade no prognóstico e expectativa de vida dos pacientes. Durante o estudo, foram avaliados 25 cães doentes, divididos em um grupo de 16 pacientes com HAC e outro grupo com nove pacientes com HAC e DVM concomitante. Os pacientes foram avaliados em três momentos, a partir do diagnóstico de HAC, e acompanhados por um período de até 766 dias. Além dos cães com HAC, um grupo controle com 20 cães com perfil demográfico semelhante foi recrutado por conveniência e submetido aos mesmos exames. Todos os cães foram submetidos à coleta de sangue (para avaliação de parâmetros laboratoriais), aferição da pressão arterial, eletrocardiografia e ecocardiografia. Os resultados analisados sugerem que existe aumento do estresse oxidativo no HAC canino, evidenciado pela presença de peroxidação lipídica no momento do diagnóstico, porém, o tratamento clínico com trilostano é eficiente para controlar esta alteração. Não houve evidências de correlação entre a peroxidação lipídica e a pressão arterial sistólica, no entanto, é sugerido que o estresse oxidativo tem correlação positiva com o tamanho do átrio esquerdo. Ainda, é possível concluir que fatores como idade avançada e presença de dispneia no momento do diagnóstico estão associados ao pior prognóstico. Foi possível também verificar que a degeneração valvar mitral é uma comorbidade comum em cães com HAC, o que reforça a importância da avaliação cardiovascular destes pacientes, principalmente daqueles de pequeno porte e idade avançada.Hyperadrenocorticism (HAC) is one of the most common endocrinopathies in canine clinical routine. Hypercortisolism can cause multisystemic alterations and the monitoring of clinical and laboratory parameters, as well as the control of comorbidities, are important for an optimal therapeutic approach. Among the systemic complications that affect the cardiovascular system, hypertension and myocardial hypertrophy can be highlighted, however, the pathophysiology of these alterations is unclear. This prospective study generated two articles and had as main objective to evaluate cardiovascular, hematological, biochemical, and oxidative stress parameters in dogs with spontaneous hyperadrenocorticism. In addition, aim to investigate the correlation of oxidative stress with cardiovascular features, and to evaluate the influence of the analyzed parameters and of the presence of mitral valve degeneration (MVD) as a comorbidity in the prognosis and life expectancy of the patients. During the study, 25 dogs were divided into a group of 16 patients with HAC and another group with nine patients with concomitant HAC and MVD. The patients were evaluated at three different time points, from the HAC diagnosis, and followed up for a period of up to 766 days. In addition to HAC dogs, a control group with 20 dogs with similar demographic profile was recruited for convenience and submitted to the same tests. All dogs were submitted to blood collection (for laboratory tests), blood pressure measurement, electrocardiography, and echocardiography. The results analyzed suggest that there is increased oxidative stress in canine HAC, evidenced by the presence of lipid peroxidation at the time of diagnosis, however, the clinical treatment with trilostane is efficient to control this alteration. There was no evidence of a correlation between lipid peroxidation and systolic blood pressure, however, it is suggested that oxidative stress is correlated to the size of the left atrium. Moreover, it is possible to conclude that factors such as advanced age and presence of dyspnea at the time of diagnosis are associated with a worse prognosis. It was also possible to verify that mitral valve degeneration is a common comorbidity in dogs with HAC, which reinforces the importance of the cardiovascular evaluation of these patients, especially those of small size and advanced age