Fendt, Lúcia Costa Cabral

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO EM ARTRITE REUMATÓIDE

Lume 5.8

PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO EM ARTRITEREUMATÓIDECoordenador: RICARDO MACHADO XAVIERAutor: LÚCIA COSTA CABRAL FENDTAPRESENTAÇÃO  A artrite reumatóide é uma doença inflamatóriasistêmica auto-imune que atinge cerca de 1% da população mundial. Émais prevalente no sexo feminino, acomete a todas as raças por igual e,embora possa se desenvolver em qualquer faixa etária, a prevalênciaaumenta com a idade, sobretudo ao redor da quarta década de vida. Adoença não tem etiologia conhecida e tem um curso variável, que vai deleve a grave. Apresenta manifestações articulares (sinovite crônica,simétrica e erosiva das articulações periféricas) e sistêmicas. Asprincipais queixas são de dor e rigidez em múltiplas articulações elimitações do movimento articular. Pode resultar em deformidades nasmãos, incapacidade para o trabalho, grande prejuízo funcional econseqüente impacto na qualidade de vida do paciente.  O Ambulatóriode Artrite Reumatóide do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde estásendo desenvolvido o trabalho, recebe e trata pacientes com a doençaum turno por semana. A equipe, formada por professores orientadores,médicos reumatologistas, alunos de pós-graduação, residentes eacadêmicos da Faculdade de Medicina da UFRGS, propõe-se adesenvolver um banco de dados dos pacientes atendidos no ambulatório,para posterior análise e pesquisa.   OBJETIVOS   *	Disseminar conceitosepidemiológicos e informações sobre as terapias modernas da doençapara profissionais da saúde, comunidade de pacientes e comunidade emgeral. *	Assistência em saúde buscando excelência com as maismodernas técnicas terapêuticas e de monitorização da evolução dospacientes. *	Proporcionar experiência de participar de uma equipe desaúde, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e realizar o atendimentoresponsável e continuado. *	Educar os pacientes em relação aoauto-manejo de sua doença, uso das medicações e controle dossintomas.  METODOLOGIA  A equipe acompanha todas as consultasrealizadas no ambulatório, utilizando instrumentos para avaliação daevolução do paciente. Estes instrumentos são representados pelo escorede atividade da doença (DAS 28), questionário de qualidade de vida(HAQ) e avaliação global da doença pelo médico e pelo paciente (VAS).São aplicados a todos os pacientes do ambulatório a cada consulta, e asinformações são organizadas num banco de dados atualizado edigitalizado, com registro da evolução de cada paciente. Também sãorealizadas reuniões semanais para revisões de protocolo e atualização daliteratura entre os alunos e profissionais de saúde envolvidos. O VAS(visual analog scale) é um teste análogo visual bastante simples, onde opaciente e o médico representam em uma linha a impressão global doestado da doença, de muito bem (0) a muito mal (100). É medido etraduzido a um escore de 0 a 100, utilizado no acompanhamento dopaciente e no cálculo do DAS 28. Também é aplicado um VAS de dor,semelhante ao anterior, onde o paciente representa o grau da dorcausada pela artrite. O DAS 28 (disease activity score) é um índice daatividade da doença, oferecendo um controle importante para prevenir ouretardar danos a longo prazo, assim como para definir a terapêutica a serutilizada e para acompanhar o paciente consulta a consulta. O escore écalculado com quatro variáveis, sendo estas o número de articulaçõesdoloridas, o número de articulações edemaciadas (ambas verificadasdurante o exame físico do paciente), a velocidade de sedimentação(exame laboratorial) e o VAS do paciente. Em uma escala de 0-10, umescore inferior a 3,2 indica baixa atividade, entre 3,2 e 5,1 atividademoderada e, superior a 5,1, alta atividade. O HAQ (Stanford HealthAssessment Questionnaire) é um questionário auto-administrável queavalia sobretudo a capacidade funcional do paciente. É composto por 20questões agrupadas em 8 categorias, e avalia o nível de dificuldade que opaciente apresenta para realizar tais atividades, assim como anecessidade de assitência. As categorias avaliadas são vestir-se epentear-se, levantar-se, comer, andar, higiene, alcance, habilidades eatividades. Resulta em um escore de 0 a 3, sendo 0-1 incapacidademoderada, 1-2 incapacidade grave e 2-3 incapacidade muito grave.RESULTADOS ATÉ O MOMENTO:  *	300 pacientes incluídos *	Idademédia: 56,2 + 11 anos *	Predomínio do sexo feminino: 81,4% *	Classesfuncionais: I - 35,7%; II - 25,6%; III - 21,6%; IV - 7% *	Monoterapia comMTX: 39% *	Combinação de DMARDs: 33%  O grupo do ambulatório fezuma análise do efeito da aplicação de escores de atividade com e semexames laboratoriais em uma amostra de pacientes, conforme o resumoabaixo (recentemente enviado para eventos científicos):  ÍNDICECLÍNICO DE ATIV IDADE DE DOENÇA (CDAI )  NA ARTRITEREUMATÓIDE: CORRELAÇÃO COM DAS28 E EFEITO NA  PRÁTICAAMBULATORIAL.   Int rodução:  O escore DAS28 é um métodoextensamente utilizado para avaliação de atividade de doença na AR.Sua aplicabilidade na prática clínica é dependente de calculadoraseletrônicas e exames laboratoriais recentes. O CDAI é um escore queprescinde de exames laboratoriais e possui um cálculo mais simples.Objetivos: Determinar a correlação do CDAI e DAS28 e sua concordânciana classificação de atividade da AR, bem como seus efeitos na evoluçãoclínica de pacientes não selecionados. Material e métodos: 170 pacientesconsecutivos portadores de AR tiveram a atividade de doença avaliadas imu l taneamente  pe lo  DAS28 e  CDAI .  112  pac ien tes  fo ramacompanhados prospectivamente para documentação dos escores etiveram sua terapia ajustada conforme seus níveis de atividade. Acorrelação dos dois escores foi avaliada pelo coeficiente de Spearman. Aconcordância entre as 4 categorias de atividade (remissão; baixa,moderada e alta atividade) foi avaliada pela estatística Kappa. Acomparação entre os escores basais e os observados após aimplementação das medidas foi realizada através do teste T de studentpara mostras pareadas e teste de Wilcoxon. Resultados: Os escoresestiveram muito fortemente correlacionados (rs=0,908;p<0,005). Aconcordância entre os dois escores com relação à categorização deatividade da AR foi boa (kappa=0,7). Os pacientes foram avaliados porum período médio de 10 meses. A média final do DAS28 (4,13) diminuiuem relação à média inicial (4,74) (p<0,005). A mediana final do CDAI (15)foi menor em relação à mediana inicial (23) (p<0,005). Também houvediminuição significativa no número de articulações edemaciadas edolorosas e no HAQ (p<0,005). Houve uma tendência para diminuição dadose média de prednisona (7,41mg; 9,6mg; p=0,058). Conclusão: Naprática clínica, o CDAI demonstrou correlação muito forte com o DAS28,bem como boa concordância entre as categorias de atividade de doença.O controle da doença auxiliado por estas medidas objetivas determinoumelhora clínica dos pacientes. A implementação de escores de atividadede doença na avaliação dos pacientes com AR deve ser recomendada naprática reumatológica.    CONCLUSÕES  Com uma rotina de registrosistemático dos indicadores de atividade da doença e de qualidade devida observou-se que a simples adaptação do tratamento para diminuirtais escores de atividade repercutiu numa evolução mais favorável dadoença.  EXPECTATIVAS  *	Registro contínuo da evolução de cadapaciente.  *	Uso de drogas de 2ª linha no tratamento da AR paraaumentar a magnitude da melhora dos escores de atividade e dequalidade de vida. *	Educação da classe médica &#61614; diagnóstico eencaminhamento precoces &#61614; tratamento adequado

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