Kraemer, Matias Felipe Eidelwein

Lume 5.8

ZONEAMENTO DAS ÁREAS-ALVO PARA O PLANTIO E MANEJO DEESPÉCIES NATIVAS EM ASSENTAMENTO DA REFORMA AGRÁRIACoordenador: JORGE ALBERTO QUILLFELDTAutor: Matias Felipe Eidelwein KraemerTítulo: Zoneamento das áreas-alvo para o plantio e manejo de espéciesnativas em assentamento da Reforma Agrária  Coordenadores: Jorge,Brack, Dal Soglio Autor: Matias F. E. Kraemer  Co-autores: Eduardo LuísRuppenthal; Moisés da Luz; Equipe Executora: Eduardo Luís Ruppenthal;Matias F. E. Kraemer; Moisés da Luz; Fabiana Ferracini; Viviane Camejo;Gustavo Ayres;  PALAVRAS-CHAVE Viveiro, Espécies Nativas,Zoneamento, Agroecologia.  RESUMO EXPANDIDO  O Assentamento''Herdeiros de Oziel Alves'' (Santa Bárbara) está localizado na regiãogeomorfológica da Depressão Central, bacia hidrográfica do Rio Jacuí, a1,5 km da sede do município de São Jerônimo/RS e margeado emgrande extensão pela RS 470. Dista 15 km da sede do município deArro io dos Ratos e 75 km de Porto Alegre.             A área doassentamento era uma fazenda de pecuária extensiva e arrozais compoucos remanescentes arbóreos nativos (tabela 1). A região possuienormes eucaliptais que rodeiam o lado sul do assentamento(figura 1).Figura 1: Panorama de localização e entorno do assentamento  Tabela 1:Área e percentagem que os diferentes tipos de uso da área ocupavam noAssentamento Santa Bárbara - São Jerônimo/ RS. USO DA TERRAÁREA (ha)	% Arroz Irrigado em rotação com pastagem natural	469,3	50,4Lavouras                                                                  41,4	4,4 PastagemCultivada                                                  50,8	5,5 Pastagem Natural(Campo Nativo)                 222	23,6 Bosques de Pinus ou Eucalipto8,9	1,0 Açudes                                                                137,0	14,4Acampamento*                                                    6,3	0,7 TOTAIS935,8	100 *Acampamento formado na ocasião de ocupação da terra nomomento da desapropriação.  Com relação a projetos de assistênciatécnica para o plantio de espécies arbóreas o assentamento foicontemplado por um programa da EMATER-RS, onde foram doadas 5 milmudas de Acácia (Acácia mearnsii De Wild.) e Pinu (Pinus elliottiiEngelm.) para cada lote. As mudas de Pinus foram rejeitadas e deixadasao tempo. Com as mudas de acácias foram formados quebra-ventosprovisórios devido ao ciclo relativamente curto da cultura e plantadaslavouras para produção de lenha.  Foram doadas também mudas deinteresse agronômico, incluindo algumas poucas espécies nativas. Adoação foi feita em período inadequado ao plantio de mudas (verão), esomado a falta de acompanhamento técnico, resultou na morte de umaboa parte dos indivíduos.  A construção de um viveiro para produção deessências florestais nativas no Assentamento Rural ''Herdeiros de OzielAlves'', no Município de São Jerônimo,RS justifica-se por criar uma sériede precedentes para atividades educacionais, ambientais e de produçãoagrícola. A necessidade das famílias precisarem da madeira para seusmais diversos usos, principalmente lenha e moirões, e não quererexpandir o monocultivo de espécies exóticas como o eucalipto, surgeuma demanda por mudas de espécies nativas da região.  Outro fatorimportante a considerar é a realização de um ciclo produtivo emconformidade com os ciclos ecológicos, de modo a haver recuperação,conservação e preservação dos recursos naturais, resultando nadiminuição dos insumos agrícolas usados na produção agropecuária.Com o horizonte de novas possibilidades, os agentes envolvidos terão apossibilidade de perceberem diversos processos naturais e agrícolas,relacionando-os e desenvolvendo sua própria dinâmica, baseados emsua carga cultural. Essas atividades refletem na comunidade uma maiorautonomia, com menos dependência do mercado hegemônico, através dadiversificação de culturas e do trabalho comunitário, assim como avalorização histórico-cultural dos agentes envolvidos. Além disso, elasvêm confrontar o atual modelo de desenvolvimento econômico propostopelo agronegócio de monocultura e exportação, que exclui e inviabiliza aprodução familiar em pequena escala.  A partir das demandas levantadassurge a necessidade de um zoneamento das áreas-alvo para o plantiodas mudas produzidas. Este zoneamento poderá servir de ponto departida para um manejo agroecológico da área, na medida em quedistingue as diferentes zonas conforme intensidade do manejo. Outroponto levantado pelo zoneamento seria a possibilidade de produçãoagrícola nas áreas consideradas não próprias, como as APP's. Estasáreas mais complexas do ponto de vista de biodiversidade auxiliariam asáreas de manejo mais intensivo, como as lavouras e/ou produção animal,podendo inclusive haver uma ampliação progressiva na medida em quesejam percebidos seus benefícios.  No segundo semestre de 2006 foramrealizadas visitas a cada um dos 59 lotes do assentamento, através deintegrantes do grupo envolvido no projeto e que fazem parte do Grupo deApoio à Reforma Agrária - GARRA. O levantamento consistiu em colherinformações da percepção atual do lote e das perspectivas que cadafamília teria com esta área. Foi combinado com os agricultores parafazerem dois desenhos, representando estas duas perspectivas: a visãoatual e ''futura''. Do ponto de vista das áreas para o plantio das mudasproduzidas no viveiro podemos perceber que na grande maioria dasperspectivas futuras apontadas pelos assentados, há a preocupação derespeitar as áreas de preservação permanente (APP's) assim comodestinar alguma área do lote à recomposição da mata nativa. Apreocupação em recuperar áreas de mata nativa justifica-se por váriosmotivos que, segundo os relatos, podem ser paisagísticos, ecológicos,produtivos e culturais.  Com relação às APP's pode-se entender as áreasadjacentes aos sistemas de drenagem e açudes, correspondendo a umtotal  de 52,8 ha. A f igura 2 mostra a v ista aérea da região doassentamento e a representação esquemática de seu território. Éapontado também a localização da sede do assentamento e a localizaçãodo viveiro. Pode-se Perceber um grande número de açudes e áreasalagas,  c lassi f icadas como APP's.     F igura 2:  Vista aérea erepresentação esquemática da área  Além das áreas de preservaçãopermanente e das áreas particulares de cada lote estão sendo sugeridasà comunidade que se utilizem também as áreas de divisa dos lotes ebeiras de estradas internas como corredores ecológicos. Estescorredores ecológicos poderão potencializar as áreas recuperadasatravés da diminuição da sua fragmentação. Por se tratar de uma regiãocom fortes ventos o uso das mudas para a formação de quebra-ventostambém poderá ser uma alternativa.  Atualmente não há perspectiva dedoação ou aquisição de mudas para o povoamento destas áreas,principalmente no que se refere às APP's. Neste contexto percebe-seque há realmente uma grande demanda potencial para a utilização dasmudas que vierem a ser produzidas no viveiro. A valorização de espéciesnativas e o acesso a essa biodiversidade, são de fundamentalimportância para a difusão e o desenvolvimento de uma agriculturamenos agressiva ao ambiente e ao humano, com o planejamento e odesenvolvimento de sistemas agrícolas diversificados e que considerem adinâmica sucessional de espécies na natureza.  (referências suprimidasdevido as limitações de espaço)

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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