Nascimento, Bianca Peixoto

Schneider, Silvete Maria Brandao

Souza, Camila Furtado de

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

PROGRAMA DE CONTROLE DA TUBERCULOSE EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Lume 5.8

PROGRAMA DE CONTROLE DA TUBERCULOSE EM ATENÇÃOPRIMÁRIA À SAÚDECoordenador: FRANCISCO JORGE ARSEGO QUADROS DE OLIVEIRAAutor: BIANCA PEIXOTO NASCIMENTOINTRODUÇÃO A tuberculose é uma doença infecciosa, de evoluçãocrônica, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, responsável tantopela apresentação nos pulmões como em outros órgãos do corpohumano. Apesar de haver tratamento eficaz com o uso de antibióticosadequados, é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde umadoença de emergência global desde 1993, por ser a maior causa demorte de adultos por doença infecciosa na atualidade, constituindo umsério problema de saúde pública. Contabiliza, por exemplo, cerca de 100milhões de casos registrados por ano - com 2 milhões de morte anuais -em todo o mundo, causados especialmente por diagnóstico inadequado eacompanhamento precário dos pacientes acometidos pela doença.  AConferência Minister ial  sobre Tuberculose e DesenvolvimentoSustentável, de março de 2000, firmou a Declaração de Amsterdã paraDeter a Tuberculose que identifica suas implicações sócio-econômicas,indicando soluções que envolvam toda a sociedade, tecnologia eficaz eacessível, incorporada à atenção básica de saúde. Além disso, definiu aluta contra a tuberculose como um bem público mundial.  No Brasilcalcula-se a ocorrência de 85 mil novos casos de tuberculose a cada ano.Um dado alarmante é a estimativa de que, no Rio de Janeiro, porexemplo, pelo menos um terço de todas as mortes por tuberculosepossam ocorrer nos serviços de emergência, o que indicaria uma baixaeficácia da rede de atenção primária à saúde no manejo da doençanaquela cidade. A tuberculose é a nona causa de internação por doençasinfecciosas e a sétima em gastos com internação hospitalar pelo SistemaÚnico de Saúde. A partir desse contexto, já em 1998, a CoordenaçãoNacional de Pneumologia Sanitária (CNPS) lançou o Plano Nacional deTuberculose, com a finalidade de ampliar as ações relacionadas à doençaem todo o território nacional, adotando como metas diagnosticar pelomenos 92% dos casos esperados e tratar com sucesso pelo menos 85%dos casos diagnosticados, até 2001.  Percebe-se claramente, portanto,uma mudança gradual no sentido da descentralização das ações decontrole da tuberculose com estratégia de enfrentamento do problema.Essa mudança necessita, entretanto, estar atrelada a um processo dequalificação tanto das equipes e dos serviços de atenção primária àsaúde quanto da gestão municipal. Os dados relativos a Porto Alegre sãoigualmente preocupantes. Segundo dados da Secretaria Municipal deSaúde, nos últimos sete anos, o município tem registrado uma médiaacima de 1.300 casos novos por ano, com uma incidência mantendo-seem ''patamares elevados e constantes'', agravada principalmente pelapobreza e pela infecção pelo HIV. Estima-se atualmente que aprevalência da doença situa-se em torno de 100 casos/100.000habitantes/ano, uma das mais altas do país.  O objetivo desse relato édescrever o Programa de Controle da Tuberculose em Atenção Primáriaà Saúde vinculada ao Programa de Residência Médica e desenvolvidocomo ação de extensão junto à Unidade Básica de Saúde do Hospital deClínicas de Porto Alegre. DESENVOLVIMENTO O Programa deresidência médica em Medicina de Família e Comunidade teve início nainstituição em 2005. Dentre os objetivos da formação desse especialistaestão a participação em ações programáticas diversas. O Programa deControle da Tuberculose foi implantado na UBS em junho de 2008, com oobjetivo de descentralizar a estratégia de vigilância e controle datuberculose na sua área de abrangência, facilitar o acesso à população,ampliar o diagnóstico da doença e fornecer tratamento adequado esupervisionado aos pacientes. Além de um professor da área de Medicinade Família e Comunidade, essa atividade é co-coordenada por umamédica de contratada e uma enfermeira. Desde então, o médicoresidente de primeiro  ano participa, durante um estágio de quatro meses,do atendimento ambulatorial, das atividades comunitárias, dos semináriosde educação continuada, das reuniões de equipe, das discussões decaso clínico junto ao serviço de pneumologia de referência.  A inserçãode acadêmicos de outros cursos de graduação na área da saúde tambémtem sido estimulada, especialmente os acadêmicos de enfermagem querealizam estágio na Unidade Básica de Saúde. Além de acompanhar asatividades assistenciais propriamente ditas, eles são inseridos nasatividades de elaboração de banco de dados, monitoramento das açõesdo Programa e nas atividades de educação continuada e nas datasespeciais relativas à tuberculose.  Entre os resultados obtidos até omomento, podemos destacar que 403 sintomáticos respiratórios foramavaliados nos últimos três 3 anos. Desses, trinta e quatro pacientestiveram o diagnóstico de tuberculose e iniciaram tratamento na UBS. Como início do Programa, 58,8% dos casos de Tuberculose passaram a serdiagnosticados na UBS, o que representa uma mudança significativa emrelação ao período entre 2004 e 2008, quando era 1%. As taxas de cura eabandono passaram para 87,5 e 4,1% em comparação com as taxasanteriores de 75,7 e 8,5%, respectivamente.  CONCLUSÕES Após aimplantação do Programa de Controle de Tuberculose, as metas decontrole da doença foram atingidas. Entretanto, os números ainda estãomuito aquém do previsto para a área de abrangência da UBS, sendonecessárias medidas para ampliar a busca aos sintomáticos respiratóriosna comunidade. A participação dos médicos-residentes e de acadêmicosfoi importante para construir uma linha de cuidado adequada para essespacientes na Atenção Primária à Saúde.

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